em 21 de novembro de 2023
“Geração Alpha”, o termo cunhado por Mark McCrindle, sociólogo australiano, se refere aos nascidos entre 2010 e 2025, os sucessores da Geração Z (1997 – 2009), e a primeira geração a nascer inteiramente no século 21.
Conhecida também como Gen A, essa é uma geração composta por nativos digitais, ou seja, quem nasceu entre esses anos está inserido no ambiente tecnológico desde o ventre materno e têm acesso aos estímulos digitais do ambiente em que se encontram.
Esse é justamente o ponto que diferencia a atual geração da Geração Z, a interação com a tecnologia desde o nascimento. Afinal, quem nunca teve a impressão de que as crianças parecem sair do útero já sabendo utilizar um smartphone?
Em 2025, existirão aproximadamente 2,5 bilhões de Gen A no mundo, o que fará da Alpha a maior geração existente.
Se a Geração Z já possui padrões de consumo diferentes das gerações X e Y, a tendência é que os hábitos da Gen A sejam ainda mais diferentes.
E as marcas precisam estar preparadas para receber esse novo público, mas antes de falarmos sobre atendimento, vem entender qual é o perfil de consumo dos nativos digitais e quais as características que marcam os Gen A.
44% das crianças brasileiras entre 0 e 12 anos possuem seu próprio smartphone, de acordo com a Pesquisa Panorama, realizada pela Opinion Box e pela Mobile Time. O que representa quase metade de um público que não possui poder de compra próprio, mas que já exerce forte influência quando o assunto é consumir.
Embora eles não façam parte desse população economicamente ativa nos dias de hoje, indiretamente, já possuem um poder de compra anual de U$ 360 milhões segundo a Bloomberg e movimentam cerca de R$ 268,00 a cada mês, segundo o Mercado Pago.
O estudo também revelou que as crianças passam ao menos 4 horas por dia conectadas, principalmente por meio dos dispositivos móveis. Ao serem estimuladas pelas marcas desde cedo, as crianças se tornam capazes de criar associações e reconhecê-las.
Outro estudo produzido por pesquisadores turcos em 2016 revelou que crianças a partir dos 3 anos de idade já são capazes de associar uma marca após ter visto uma embalagem ou logotipo.
88% dos pais são influenciados por seus filhos quando estão fazendo compras no shopping ou supermercado. E R$ 16 bilhões é quanto o mercado de produtos infantis arrecada, totalizando um crescimento de 14% a cada ano, segundo o Sebrae.
Os nascidos nesta época se destacam por possuírem um grande senso de independência, principalmente a assuntos relacionados a tecnologia. Quando alguma dúvida surge, por exemplo, eles sabem onde recorrer sem pedir ajuda.
Eles vão até o Google e conseguem aprender com grande rapidez e por conta própria a mexer nas inúmeras ferramentas e aplicativos dos dispositivos. Funções estas que fazem muitos Millennials perderem a cabeça, como por exemplo, vídeos que parecem até mesmo se tratarem de adultos, como o exemplo abaixo.
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Grande parte dos Alphas são filhos de pais Millennials, ou a chamada Geração Y, que hoje se encontra entre os 27 e os 40 anos, que tem como desejo formar uma família mais tarde.
O resultado é muitas vezes ser filho único ou possuir poucos irmãos. Além disso, grande parte da Geração Alpha cresce em lares com mães solos ou com responsáveis que se configurem um casal inter-racial ou homo afetivo.
Hoje a taxa de fecundidade por mulher é de 1,7, com previsão de queda a cada ano, segundo o IBGE. Essa densidade familiar tende a variar de acordo com as regiões do Brasil.
Em 2022, o censo anual do IBGE registrou pela primeira vez na história 51% dos lares brasileiros registrados como chefiados por mulheres. Na definição do órgão, chefe de família é a pessoa que é a principal provedora e responsável pelos recursos financeiros e tomadora das decisões de um lar.
No Amazonas, por exemplo, a média de pessoas por lar é de 3,64, enquanto que no Rio Grande do Sul ela é de 2,54. E quando olhamos para o cenário nacional, a média de pessoas em uma família é de 2,74 por lar.
Quando falamos sobre estrutura familiar, um ponto interessante de se destacar é a relação da Geração Alpha com outras gerações, sobretudo a Gen Y, que em grande parte, são os pais desses nativos digitais, como já mencionamos.
Muitos Alphas estão aprendendo sobre estilo, entretenimento e bom gosto com seus pais. Na medida em que os filhos já possuem um grande poder de tomada de decisões, já que eles influenciam nas compras de casa. Afirmar o contrário, de que os pais também exercem influência sobre a Gen A, também é verdade.
81% dos pais da Geração Alpha afirmaram que seus filhos influenciaram nas suas decisões de consumo, contribuindo para que eles passassem a ter uma visão mais consciente a respeito do ponto de vista ambiental, segundo a McCrindle.
Muitos Millennials querem que seus filhos tenham as mesmas experiências que eles tiveram em sua infância. Por isso o incentivo ao uso de Lego, Hot Wheels e Barbies, por exemplo, têm crescido bastante. O que fomenta uma tendência mapeada nos últimos anos, chamada de cultura da nostalgia.
Essa tendência que despontou devido a vários fatores, entre eles a incerteza do futuro, devido a pandemia e as crises climáticas, tem sido alimentada por esses pais que gostariam que seus filhos tivessem acesso a brinquedos que eles tiveram.
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Essa geração terá um compromisso maior com o que é genuíno e o que não é. Se a Geração Z já vem em uma crescente grande pela posição e relevância social que as marcas possuem, os Alphas manterão um compromisso ainda maior com o que a empresa diz ser e com o que ela faz.
Essa é uma geração mais criteriosa e que tomará mais ações em relação ao propósito com os quais acredita.
Uma das principais características da Geração Alpha é a hiperconectividade, uma resultante dos estímulos sociais que os nativos digitais recebem todos os dias.
Os Alphas são a primeira geração verdadeiramente digital, sabendo operar desde cedo smartphones, tablets, assistentes de voz e muito mais. No Brasil, mais da metade das crianças de 10 a 13 anos possuem seu próprio smartphone, segundo o IBGE.
Apesar do constante contato com a tecnologia possibilitar o desenvolvimento de diversas atividades, o uso excessivo de tela contribui para que as crianças tenham mais dificuldade em se concentrar e manter a calma.
O hiperestímulo pode gerar a aceleração no desenvolvimento e execução de diversas habilidades, mas também pode prejudicar outras capacidades, como a atenção.
A exposição a mais de duas horas de telas em crianças acima de 5 anos é associada a um risco de 7,7 vezes maior de preencher os critérios de TDAH, segundo um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Pernambuco.
Conforme nossa sociedade avança, o senso de respeito e inclusão também engatilha seu progresso. A geração atual se caracteriza por possuir um senso maior de igualdade.
Além disso, os pais dessa geração são mais presentes e dividem com mais facilidade as tarefas do lar e participam mais da criação dos filhos, quando comparados com as gerações anteriores.
Por passarem muito tempo em frente às telas e estarem inseridos em um universo repleto de tecnologia, os Gen A possuem um forte apego à experiência de compra proporcionada pelas marcas.
Muitas vezes essa experiência se torna mais importante até mesmo do que o próprio preço do produto.
Ainda que novos, eles possuem um olhar atento para questões sociais e ambientais e preferem consumir de marcas que se envolvem em projetos ou que apoiam causas sociais, seguindo um comportamento comum à Geração Z.
Um grande desafio para a Geração Alpha é encontrar um ponto de equilíbrio entre o mundo virtual e o mundo real, longe das telas, ou simplesmente a dificuldade de se conectar com as pessoas que as cercam, sem o uso de telas.
Esse equilíbrio precisa ganhar espaço entre os nativos digitais. O pensamento crítico precisa ser incentivado, a inteligência emocional e a empatia, que abrangem o mundo como ele é fora dessa bolha tecnológica.
As características dessa geração impactam diretamente em seus hábitos de consumo e nos costumes de quem os cerca. Ou seja, as marcas precisam considerar os pais da Geração Alpha. Ainda que faixa etária não possua poder de compra direto, eles já influenciam quem têm, ou seja, seus familiares.
46% dos líderes, gestores e gerentes de marketing dizem conhecer bastante sobre a geração, enquanto 52% conhecem médio ou pouco, segundo o report O Fenômeno Alpha (WGSN).
As marcas mais atentas – principalmente aquelas que tem essa geração como target, já incluíram os Alphas em seus radares.
Segundo a pesquisa, 58% dos entrevistados não consideram a geração Alpha na construção de suas estratégias de marketing. Por outro lado, 42% já estão atentos e considerando a geração em seus planejamentos, enquanto 11% das marcas consideram esse target como muito importante nas suas estratégias.
Os valores de uma empresa também precisam estar muito bem definidos e sendo cumpridos à risca, afinal, qualquer incoerência entre discurso e prática causará um atrito na relação que está sendo construída entre esse público e a marca.
65% dos respondentes acreditam que deve haver uma adequação em publicidade e comunicação e 47% acreditam que deve haver uma adequação em planejamento de mídia para essa geração, enquanto apenas 25% planejam adaptar produtos e serviços para a Geração Alpha.
Não adaptar produtos para essa geração, significa não se conectar com eles, e é preciso ter em mente que as relações com o futuro começam agora.
Uma dica é investir em comunidades online e nas mídias sociais para se relacionar com esse público. Os games são uma ótima forma das marcas estarem presentes no dia a dia dos nativos digitais.
Oferecer um conteúdo claro, dinâmico, com neutralidade de gênero e autêntico, também é de grande importância quando falamos da Geração Alpha.