em 24 de janeiro de 2025
A publicidade sempre foi uma poderosa ferramenta de persuasão, capaz de moldar comportamentos e influenciar decisões de consumo.
Mas, quando se trata da publicidade infantil, essa influência assume proporções maiores, despertando debates éticos sobre os limites da comunicação e suas consequências para o desenvolvimento social, emocional e físico das crianças.
Em tempos de hiperconexão digital, as análises de publicidade infantil se tornam ainda mais urgentes e complexas. Imagem: Reprodução/ iStock
A Geração Alfa, as crianças nascidas a partir de 2010, cresceram em um mundo completamente digital.
Para elas, dispositivos conectados, redes sociais e vídeos de curta duração não são novidades tecnológicas: são parte do cotidiano.
Um estudo produzido por pesquisadores em 2016 sobre associação de marca em crianças descobriu que, já aos 3 anos, essas crianças são capazes de reconhecer marcas, personagens e embalagens, resultado de uma exposição precoce a conteúdos publicitários.
Essas crianças exercem influência significativa nas decisões de consumo das famílias, o que representa poder de compra estimado em bilhões de dólares anualmente. Imagem: Reprodução/ PET Pedagogia
Produtos de beleza, tecnologia, brinquedos e alimentos são apenas alguns dos segmentos que enxergam o público infantil como um mercado valioso e em constante expansão.
O fenômeno conhecido como “Sephora Kids” é um exemplo desse contexto, refletindo a adultização precoce e os desafios associados à infância na era digital.
As “Sephora Kids” são meninas de 9 a 14 anos que já frequentam lojas de cosméticos, como Sephora e Ulta Beauty, atraídas por influenciadores digitais, rotinas de skincare no TikTok e o apelo visual das marcas. Imagem: Reprodução/ CNN Business
Crianças e pré-adolescentes interessadas em cosméticos sofisticados já são uma realidade.
No TikTok, hashtags como #SephoraKids e #SkincareRoutine acumulam milhões de visualizações, promovendo produtos de beleza como parte de uma rotina desejável para meninas.
Essa tendência levanta preocupações sobre os impactos físicos do uso precoce de produtos de beleza, já que a maioria desses produtos são desenvolvidos para peles adultas.
Além disso, o debate também é sobre a construção de valores e auto imagem na infância. Imagem: Reprodução/ CBC
O marketing infantil utiliza uma combinação de cores vibrantes, personagens, jingles e narrativas para criar conexões com os jovens consumidores.
Essas estratégias, aparentemente inofensivas, têm o potencial de moldar preferências e desejos desde cedo. Imagem: Reprodução/ iStock
Crianças transformam-se não apenas em consumidores, mas também em microcelebridades que, muitas vezes, reproduzem discursos promocionais sem perceber os riscos associados.
No Brasil, a publicidade infantil é regulamentada com rigor, reconhecendo o público infantil como vulnerável e necessitando de proteção especial.
A Resolução 163 do CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) define como abusiva qualquer comunicação mercadológica que:
Confira abaixo um exemplo de publicidade da década 90, que, pelos padrões atuais, seria considerada abusiva:
Além disso, o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) fiscaliza e regula a publicidade no Brasil, aplicando sanções a campanhas que violam essas diretrizes.
Apesar disso, no ambiente digital, onde a fiscalização é mais difícil, práticas abusivas continuam a ser identificadas.
Por meio de influenciadores digitais, desafios interativos e anúncios camuflados como conteúdos, as empresas criam uma presença quase imperceptível, mas extremamente eficaz. Imagem: Reprodução/ iStock
As redes sociais trouxeram novas dimensões ao marketing infantil.
Plataformas como TikTok e Instagram permitem que marcas alcancem crianças de forma sutil e personalizada. Imagem: Reprodução/ iStock
Marcas que desejam dialogar com crianças precisam assumir uma postura responsável e ética. Isso inclui:
A publicidade dirigida ao público infantil não pode ser uma zona cinzenta. Imagem: Reprodução/ iStock
É preciso que as empresas assumam a responsabilidade de proteger a ingenuidade das crianças, garantindo que o ambiente digital seja mais saudável e respeite o direito à infância.