em 18 de abril de 2023
A mídia inclusiva é uma comunicação que inclui todas as pluralidades da sociedade, no que diz respeito à etnia, gênero, raça, pessoas com deficiência, orientação sexual, idade e muitos outros.
E tornar o diálogo mais assertivo o possível, para pessoas com deficiência, é uma barreira que precisa ser quebrada pelo mercado.
Quando falamos de comunicação inclusiva para pessoas com deficiência, falamos da responsabilidade de ser uma marca inclusiva não só na teoria, mas na prática.
“Capacitismo”: expressão não tão popular, trata-se da prática preconceituosa de qualificar uma pessoa como útil ou inútil com base no que ela é capaz de fazer.
Colocar uma pessoa que possui uma deficiência específica para representar todas as outras deficiências em um comercial, também é considerado capacitismo, já que as PCDs não enfrentam os mesmos desafios, mas sim, uma pluralidade deles.
O capacitismo está impregnado nas relações sociais, no mercado de trabalho e, na comunicação, não seria diferente. E, para transformar essa realidade, o primeiro passo é a busca por maneiras de ir além da teoria e comunicar com inclusão.
Há uma demanda urgente por reconhecimento, espaço e respeito. A mídia inclusiva proporciona diversas formas de entender um conteúdo, uma notícia, um entretenimento ou qualquer outro tipo de informação.
As deficiências são características de identidade, apenas uma característica dentre tantas outras que compõem uma pessoa.
As pessoas com deficiência possuem os mesmos desejos de estudar, se divertir, consumir e levar uma vida como o restante da população. Elas buscam por produtos e serviços específicos, em um mercado que ainda insiste no capacitismo.
45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 20% da nossa população, segundo a Think with Google. Além disso, 51% das PCDs não se sentem representadas em campanhas publicitárias e de marketing feitas no Brasil (Think with Google).
E em todo o mundo a população PCD economicamente ativa compreende 1 bilhão de pessoas, uma ampla fatia da população que não é prioridade do mercado.
No Brasil, 89% da população considera a acessibilidade um fator decisivo na hora de escolher um produto, porém muitas marcas ainda trabalham com esse viés assistencialista, com ações filantrópicas e iniciativas que podem até fazer barulho, mas não resultam em inclusão de fato.
Muitas empresas jogam ½ conteúdos e se acham inclusivos, mas na verdade a inclusão deve ser feita em todo e qualquer tipo de conteúdo produzido, para todas as mídias sociais, considerando não apenas um tipo de deficiência, mas todas elas.
A sua empresa pode começar implementando mudanças básicas, como o recurso de audiodescrição, que é o responsável por traduzir imagens em palavras, facilitando a compreensão de pessoas cegas ou com baixa visão, como o Bradesco fez por meio do comercial abaixo.
A descrição de imagens, ou o chamado #PraCegoVer é outro recurso que descreve imagens para pessoas que possuem cegueira parcial ou completa, permitindo acessibilidade a esse público.
O uso de intérpretes de libras e de legendas em vídeos é outro recurso básico, mas que muitas vezes é negligenciado por grande parte das marcas. Seu uso possibilita que surdos consigam entender a mensagem que se quer passar.
Conhecida como “legendas ocultas” ou “CC”, o Closed Caption também é um recurso de inclusão para PCDs. Esse sistema de transmissão de legendas por meio da televisão é usado para auxiliar deficientes auditivos.
O CC pode ser acionado no botão do controle remoto e mais do que legendar, ele aponta outros sons que o vídeo possui, além da fala dos personagens, como trilhas sonoras que estejam tocando, por exemplo.
Além dessas ferramentas, o seu negócio, seja ele físico ou online, precisa ser acessível para pessoas com deficiência de todos os tipos. Seja no acesso e mobilidade dentro de sua loja, no atendimento, na experiência de compra e até mesmo no momento da entrega.
O consumidor precisa saber que ele pode confiar em uma marca que se preocupa com o seu bem-estar e que se preocupa em disponibilizar para eles produtos que atendam cada vez mais suas necessidades.
A Apple conseguiu cumprir esse papel muito bem ao mostrar para o público PCD que seus produtos estão sendo adaptados para atender aos diversos tipos de deficiência, mostrando como o público PCD é diverso, mas que independente disso, ele consome mídia e produtos (desde que, atendam suas necessidades) como qualquer um de nós.
A representatividade é importante para que o consumidor possa se enxergar usando aquele produto.
A partir do momento que ele vê alguém como si mesmo fazendo algo, ou usando algo, ele sente que pode fazer o mesmo.
Aposte em campanhas que fogem do lugar comum. Não mostre as PCDs apenas enfrentando desafios por serem PCDs, mas mostre-os realizando atividades cotidianas, como ir à praia ou passear com o cachorro.
Mostre para o público PCD quais são as atividades, produtos e serviços que estão disponíveis para eles. Eles precisam ser reconhecidos como uma parcela importante da sociedade, afinal, de fato, eles são.