Influenciadores virtuais: porque as marcas estão criando avatares

Conheça os influenciadores virtuais, figuras não-reais que representam marcas e já engajam 3x mais que influenciadores reais.

Luiza Telexa

em 5 de setembro de 2022

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    Os influenciadores virtuais são personalidades criadas especialmente para os ambientes de realidade virtual imersiva. Os avatares possuem aspectos humanos e narrativas pessoais: como crenças, valores e hobbies.

    Ainda que, tenham sido criados especialmente para espaços virtuais, fazem tudo o que qualquer indivíduo faz: viajar, comprar um produto, caminhar pelo quarteirão e empreender, tudo com uma única ressalva: tratam-se de personagens não-reais, criados através de computação gráfica e algoritmos de inteligência artificial.

    Na imagem vemos uma influenciadora virtual segurando uma prancha preta da Prada, em um lugar que parece a beira de uma praia

    “O irreal está se tornando real”, afirma o jornal britânico Standart, sobre a presença dos influenciadores virtuais em todas as esferas do nosso cotidiano. Na imagem, a influenciadora Lil Miquela posa para a marca italiana Prada. | Imagem: Reprodução/ V Magazine

    Os primeiros influenciadores virtuais

    Esse tipo de influenciador, também conhecido como boneco virtual, chegou o mundo do marketing em 2017. E sua presença nos ambientes digitais foi intensificada nos últimos anos. Uma das pioneiras, Lil Miquela, desenvolvida pela startup Brud, foi apresentada como uma garota de 19 anos.
    Meses depois da sua criação, em 2018, a Prada entrou em contato com a boneca virtual para torná-la um dos rostos do desfile de inverno da grife italiana – Lil Miquela tomou conta do Instagram da marca na ocasião e após o evento, chegou a ser nomeada It Girl pela Vogue.

    Desde então, muitos outros influenciadores virtuais foram criados e têm conquistado o público.

    Os avatares das marcas no metaverso

    Muito se tem falado sobre o metaverso, a tecnologia futurística que busca mesclar realidade virtual e realidade aumentada. Já é possível trabalhar, participar de reuniões ou comprar produtos nesse novo universo. Por lá, nossos avatares em 3D são extensões do nosso corpo.

    No metaverso, avatares em 3D também podem representar pessoas da vida real. Na imagem, por exemplo, vemos uma mulher se exercitando através de óculos e controles de realidade virtual. Imagem: Reprodução/ IStock

    A adesão das pessoas e das empresas as novidades do metaverso (o próprio Facebook, mudou o nome de sua empresa para Meta), fez com que o número de avatares e negócios nesse espaço aumentasse, e isso, despertou o interesse das marcas em marcar presença nesse espaço.

    Com isso, chegamos ao porquê de as marcas estarem criando influenciadores virtuais para reforçar seu branding nesse e em outros espaços digitais. A ideia é que esses bonecos virtuais sejam porta-vozes de seus valores, para os seus públicos.

    Mais do que meras representações fictícias, os esforços direcionados para a criação de avatares no metaverso nos revelam qual é o caminho esperado para o futuro. Quem saiu na frente, possivelmente irá liderar o mercado.

    E, apesar do terreno novo e dos desafios serem grandes, bons resultados já foram apresentados (vamos te mostrar na sequência desse artigo), e se utilizarmos esses resultados como referência, teremos a certeza de que muito mais influenciadores artificiais serão criados.

    Estratégias adotadas pelas marcas para os influenciadores virtuais

    Satiko

    “Não sou fã de rótulos. Não me encaixo em definições pré-estabelecidas. Sou um ser em constante mudança. Me adapto conforme o mundo evolui. Cresço e aprendo todo o tempo.” É o que diz Satiko na legenda de sua primeira publicação no Instagram. A boneca virtual de Sabrina Sato já conta com mais de 35 mil seguidores nesta rede social. Criada pela startup Biobots, Satiko foi inspirada em Sabrina, mas possui personalidade própria.

    Com o intuito de marcar presença no metaverso, a avatar vai ser a responsável por estrear a ferramenta de NFTs, aqui no Brasil. A influenciadora virtual já realizou um feito inédito no país ao inaugurar um espaço de ativação virtual no metaverso, o restaurante japonês “Peixe ao Cubo”.

    A boneca virtual ainda ganhou um apartamento de verdade da Mitre, e vai ser a responsável pela cobertura do Rock in Rio 2022, por meio do Itaú Personnalité, mostrando como a publicidade já está sendo impactada pelos influenciadores virtuais.

    Lil Miquela

    Lembra que mencionamos que a Lil Miquela foi uma das primeiras influenciadoras a ser criada? Hoje ela possui mais de 3 milhões de seguidores no Instagram, continua com 19 anos, mora em Los Angeles e é super conectada a moda e estilo. Parece até a descrição de uma jovem real, não é?

    Os criadores de Lil gostam de lidar com toda questão de forma muito misteriosa e cômica. Por mais que saibamos se tratar de uma boneca virtual, eles nunca deixaram explícito se a influencer é de fato fictícia, real, ou a junção de imagens de uma pessoa verídica que sofreu alterações em computador.

    Lil foi criada para ser uma garota propaganda, e se tem uma coisa que ela faz muito bem, é atravessar a fronteira entre o virtual e o real, se conectando com seus seguidores através do seu posicionamento e engajamento em pautas sociais, como por exemplo, o movimento #BlackLivesMatter (onda de protestos contra a violência direcionada a pessoas negras).

    Moça

    Eu tenho certeza que você se lembra da mulher estampada no rótulo do leite condensado Moça. O termo “leite da moça” pegou no Brasil e desde que a marca chegou por aqui em 1921, a Moça está presente em todas as latas do produto. Desde então, as embalagens do leite condensado passaram por várias reformulações e a personagem da marca acompanhou esse desenvolvimento. A mais recente versão é o avatar virtual.

    A estratégia da Nestlé é se conectar ainda mais com o público da marca, não só captando o público mais jovem que está presente no universo digital, mas também inserir o seu público mais antigo nesse espaço.

    A Moça vai ser uma embaixadora de receitas culinárias e do empreendedorismo doce, reforçando esse estreitamento de laços, principalmente com o público feminino.

    Lu

    A Lu é a maior influenciadora virtual do mundo, somando mais de 32 milhões de seguidores em todas as suas redes sociais. Ela já foi capa da revista Vogue, ganhou ouro no Festival de Publicidade em Cannes e possui potencial de faturamento estimado em U$17.365.274 em 2022.

    Seu avatar foi criado em 2003, e desde então ela foi aprimorada, até se tornar o fenômeno que conhecemos. Hoje ela é peça chave fundamental das campanhas do Magalu. A boneca virtual passou de assistente virtual para influenciadora da marca, trazendo o consumidor do varejo físico para o varejo virtual. Ela é um verdadeiro case de sucesso de experiência omnichannel.

    Além de falar sobre os produtos, Lu aborda causas que permeiam a sociedade, criando essa percepção de empatia entre a comunidade do Magalu e a própria marca.

    Rennata

    “Olha, como uma boa geminiana com ascendente em touro, adoro uma novidade!”, comenta Rennata, a nova face da Renner, em resposta a revista Harper’s Bazaar. Declarada uma apaixonada por moda, conforto e por tecidos de origem natural, Rennata nasceu para compartilhar dicas e notícias boas, para acelerar a presença digital da loja de departamentos e ser mensageira dos valores da marca.

    na imagem, vemos um exemplo de influenciadores virtuais, a renata das lojas renner, vestindo looks estilosos. E, posando como modelo na capa de uma revista

    Créditos: Foto: João Arraes, com direção de Alline Cury, edição de moda de Diogo Arruda, direção de arte de Diogo Ferreiras, produção executiva de Lisieux Hetzel Pereira e set design de Renata Henckel. | Imagem: Reprodução/ Harpers Bazaar.

    Sabrina Sato, Boca Rosa, Lucas Rangel e as marcas que citamos que já possuem influenciadores virtuais, outras celebridades e artistas como Deborah Secco, Cauã Reymond, Ticiane Pinheiro, Rafa Kalimann, Luiza Possi e Nina Silva estão com contrato assinado com a empresa Biobots, para a criação de seus próprios avatares.

    As marcas estão investindo em influenciadores virtuais, conheça os motivos

    Porta-voz da marca

    Todos os profissionais sabem das dificuldades de manter os valores da marca na cabeça das pessoas. Por conta disso, ser um defensor dos valores, dos produtos/serviços e da identidade marca é uma das funções dos influenciadores virtuais.

    Alcance de novos públicos

    Outro fator que tem levado as marcas a aderirem ao uso de influenciadores virtuais, tem sido a captação de novos mercados. Falando principalmente dos mais jovens, que já são nativos digitais, conquistá-los torna-se essencial para manter a competitividade de mercado.

    Claro, que além de conquistar novas audiências o ganho que se tem em engajar os públicos que já são fãs da marca também é uma das finalidades da popularização e da criação dos bonecos virtuais.

    Ganho de tempo

    Ter um influenciador e colaborador extremamente motivado e que trabalha todos os dias do ano, 24 horas por dia, não é nada mal, certo? A situação toda fica ainda melhor, quando esse influenciador virtual permite que a sua marca realize feitos que humanamente não estão ao seu alcance. Essa é outra vantagem da criação de avatares.

    Humanização das marcas

    Os avatares virtuais, mais do que nunca, conseguem representar o lado humano das marcas. Afinal, por mais que eles não sejam reais, possuem discursos próprios, opiniões e preferências muito bem elaboradas.

    Reconhecimento de marca

    Os influenciadores virtuais te ajudam a melhorar a sua estratégia de branding, justamente porque eles reforçam as características que fazem o público se lembrar dela. Essas características são muitas, como o logotipo, as cores, a tipologia, os valores, e tudo que remeta a sua marca.

    Os bonecos virtuais além de atuarem como defensores dos valores de uma empresa e mostrarem o lado humano das marcas, são um lembrete contínuo de branding, levando o consumidor a se recordar automaticamente da sua marca sempre que ele se deparar com esse avatar.

    Pink é o avatar que representa a influenciadora Bianca Andrade e a marca Boca Rosa Beauty. Com as cores e traços da influenciadora, ela atua como uma excelente ferramenta de negócios. Imagem: Reprodução Exame

    Real x Virtual

    Uma coisa é certa, os influenciadores virtuais têm ganhado cada vez mais espaço na internet, e apesar de não serem reais, eles possuem mais engajamento do que os influenciadores humanos.


    E quem deve estar atento a essas métricas são as marcas, já que se associar a algum influenciador virtual – assim como ocorre com os influenciadores humanos, é sinônimo de alcançar um vasto público. É o que muitas marcas já fizeram, entre elas: Channel, Dior, Vogue, Coca-Cola, O Boticário, Eudora, Samsung, KFC e Louis Vuitton.

    A criação dos avatares

    Se você chegou até aqui, certamente está curioso para saber como essas figuras virtuais são criadas. A Biobots é uma das empresas brasileiras responsáveis pela criação de bonecos virtuais como a Satiko (Sabrina Sato) e Pink (Bianca Andrade, Boca Rosa). O CEO da empresa, Ricardo Tavares, revelou que, uma média de 10 pessoas participa do desenvolvimento desses bonecos, com três meses de prazo para entrega do produto final.

    O processo de desenvolvimento envolve alguma etapas, a primeira delas é o briefing: um levantamento de informações referentes aos aspectos físicos, como a aparência do personagem, biotipo, cor de cabelo, espessura da sobrancelha e vestimentas é realizado.

    Cada detalhe precisa ser bem pensado para que a personalidade seja formada, afinal, os hobbies desse indivíduo, o que ele gosta de fazer em seu tempo livre, são as características que vão compor o caráter desse influenciador. Afinal, assim como qualquer humano, ele pode ser extrovertido, tímido, ousado, debochado ou sério.

    A partir desse levantamento de informações começa a fase da ilustração e animação, onde os gestos e as expressões do futuro influenciador são produzidas.

    A quantidade de informações reunidas para a criação do influenciador virtual é imensa e precisa ser extremamente detalhada, afinal, estamos falando da construção de alguém e cada indivíduo é composto por milhares de aspectos singulares.

    Produção e gerenciamento de conteúdo dos influenciadores virtuais nas redes sociais

    Depois da criação de todos os traços físicos e de personalidade, chega a fase de criação de conteúdo para redes sociais. Isso envolve quatro passos: identidade, comercial, memes e bastidores, de acordo com a própria Biobots.

    Identidade: essa fase tem como objetivo mostrar para o público quem o influenciador é, através da sua personalidade, dos seus gostos, hobbies e preferências.

    Comercial: aqui o objetivo é contextualizar a rotina do influenciador em parceria com marcas e celebridades.

    Memes: aproveitar o time para entrar em trends e fazer proveito de memes é uma excelente oportunidade de alcançar e se conectar com um público que ainda não te acompanha.

    Bastidores: aqui é o momento de estreitar os laços com o público, mostrando o que acontece “por trás” dessa rotina, se abrindo a ele, como quem se abre a um amigo.

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