em 11 de janeiro de 2023
Você já se pegou assistindo a algum filme, série ou videoclipe de uma música, quando de repente reconheceu algum produto ou marca no decorrer das cenas?
Se sua resposta for sim, essa inserção que você viu nada mais é do que Product Placement.
O Product Placement (publicidade indireta) é a inserção natural e sutil de marcas, produtos ou serviços em programas de entretenimento como novelas, games, filmes e séries.
Na cena abaixo da minissérie “Christabel Sol e Sonhos”, produzida pela NDTV Record TV, a personagem principal traz junto de si uma mochila, e nela está um broche que estampa o logo e o nome da Uniasselvi, temos aí um exemplo de Product Placement.
O investimento em publicidade indireta não é nenhuma novidade, visto que sua primeira aparição foi há mais de 100 anos, em 1919 no filme “The Garage”, quando a fachada de um posto de gasolina real apareceu no longa-metragem.
Porém, essa estratégia vem ganhando muito mais fôlego. Ainda que o formato tradicional de anunciar por via direta seja responsável por grande parte do faturamento, o público tem se tornado mais resistente a essa publicidade frontal.
E tudo isso se dá de uma forma natural, tudo acontece inconscientemente, já que ninguém vai parar de acompanhar a narrativa de um filme para ficar prestando atenção no momento em que alguma marca irá aparecer na tela.
Essa é a grande sacada do Product Placement, quando você menos espera, um produto é posto em vista ou mencionado, e não há como fugir, por mais que você venha se dar conta muito tempo depois, essa exposição já ficou guardada no seu subconsciente.
No filme “Top Gun“, o personagem de Tom Cruise está sempre usando o famoso óculos de sol aviator da marca Ray-Ban. Nos sete meses seguintes a aparição, a empresa registrou um aumento de 40% nas vendas do produto.
Já série “Orange Is The New Black” podemos perceber a inserção das rosquinhas da marca Dunkin’ Donuts durante uma cena onde as detentas vão até o escritório do delegado.
Note que a publicidade não vem acompanhada de um “compre”, “venha até a loja” ou “baixe o aplicativo”, mas sim da retratação do quão saboroso essas rosquinhas são e como elas podem transformar os momentos que vivenciamos.
https://youtu.be/vvR_-bBPxAM?t=21
Foi pensando em uma maneira de estar inserido nesse universo, mas de forma espontânea que nasceu o Product Placement e o merchandising, que apesar de terem uma premissa semelhante, são duas coisas diferentes.
Enquanto a publicidade indireta é mais modesta, as inserções de merchan são mais claras e diretas. Trouxemos um exemplo de merchan do canal Porta dos Fundos para ficar mais compreensível.
Por meio do Product Placement você pode contar histórias, inserir produtos fictícios na narrativa e gerar identificação entre espectador e marca. Como no filme “Náufrago”, protagonizado por Tom Hanks, que falava com uma bola da marca Wilson como se fosse uma pessoa real.
O Script Placement se refere à citação verbal do nome da marca ou do produto. Na prática, em algum momento da trama os personagens transmitem de alguma forma essa mensagem.
Um ótimo case é o da série “The Big Bang Theory”, no episódio 19 da sétima temporada, quando um dos personagens da trama, Sheldon Cooper, enfrenta o dilema de escolher o PS4 ou Xbox ONE, citando em diversos momentos o PlayStation e o Xbox.
Neste caso estamos falando do formato visual, quando a marca não é citada oralmente, mas seu logotipo ou algum produto seu fica em evidência por alguns segundos em algum lugar do campo visual.
Se você assistiu a série “La Casa de Papel” de forma um pouco mais atenta, percebeu como a cerveja espanhola Estrella Galicia está presente em praticamente todos os episódios.
O Product Integration, como sugere o nome, se trata de uma ação um pouco mais elaborada, pois envolve a trama em si.
É como se determinado produto fosse fundamental para o andamento da cena, de forma que ela ganha um papel de destaque e é incorporado a história.
A terceira temporada da série “Emily in Paris” trouxe exemplos de como aplicar o Product Integration no desenvolvimento de uma história de forma perfeita.
Um deles se dá no quinto episódio, quando Emily é capa da revista semanal “M”, integrando uma referência ao jornal diário “Le Monde“, da qual a revista faz parte.
Em outro momento da trama, a personagem principal se vê enfrentando o desafio de produzir uma campanha publicitária para a rede de fast foods McDonald’s.
Ao longo do episódio é possível vê-la conhecendo as sedes da loja ao redor da cidade luz, o que a faz ficar surpresa, já que ela não imaginava que os franceses, detentores de uma culinária requintada, consumiam os chamados “lanches rápidos”.
Ao conhecer uma das sedes do MC Donalds em Paris, Emily fica supresa ao perceber o quão chique a loja é, bem diferente dos estabelecimentos com os quais ela estava acostumada a ver em Chicago.
O Easter Egg é aquela inserção que só é percebida por quem é muito fã da marca. Sua função é deixar uma pista, conectar pontos da história ou conectar personagens de outras produções. Levando o público a histeria e a viralização.
A série WandaVision fez várias referências aos sitcoms da década de 90, a seriados antigos como o desenho “A Feiticeira” e a personagens do Universo Marvel, como a Agatha Agnes.
Trata-se da inserção de marcas fictícias no enredo. Apesar de fictícias, elas fazem referência a alguma marca real.
Na série iCarly, por exemplo, os personagens viviam com “Pear Pad” nas mãos, o que fazia uma clara referência aos iPads, da Apple.
O Reverse Placement é o oposto do Faux Placement. Nesse caso, uma marca que era fictícia, ganha vida no mundo real.
Um exemplo famoso é o da cerveja Duff Beer, do desenho “Os Simpsons”. Ela só existia na animação, mas seu sucesso foi tanto que ela ganhou uma versão física.
Trazendo mais um case, podemos citar a rede de doces Wonka, que saiu do filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, e é hoje uma grande produtora de doces na vida real.
O Music Placement acontece quando uma música é criada do zero para fazer parte da trilha sonora de um filme ou quando uma música já existe e acaba sendo incorporada em alguma cena marcante do filme, de modo que esses hits se tornem marcas dessas produções.
Sabe quando você pensa em um filme e automaticamente uma música, tocada nele ou atua como fundo musical, lhe vem à mente?
Pois bem, esse é o Music Placement. Quem não se recorda do filme “As Branquelas” ao ouvir “Thousand Miles”?
Pense em produções como “I Believe I Can Fly” e “I Don’t Want to Miss a Thing“, que marcaram respectivamente filmes como “Space Jam: o jogo do século” e “Armagedom”, além de consagrarem seus vocalistas. Impossível ouvir essas músicas ou assistir a esses filmes sem se lembrar de R. Kelly e Aerosmith, que deram vida a essas obras.
Essa é uma excelente oportunidade para os cantores e bandas produzirem composições que marquem cenas cinematográficas e fiquem na mente e no coração do público.
Outro exemplo de Music Placement fenomenal é o da música “Over the Rainbow”, composta por Harold Arlen com letra de Yip Harburg, produzida exclusivamente para o filme “O mágico de Oz”.
É inevitável não se lembrar do longa-metragem e de seu universo singular ao ouvir as primeiras notas da melodia.