
em 25 de novembro de 2025
Em um cenário cada vez mais orientado por dados, entender o que move resultados se tornou indispensável para qualquer estratégia de comunicação.
Entre todas as métricas disponíveis, poucas são tão determinantes quanto a capacidade da publicidade de gerar impacto real no negócio.
É nesse ponto que entra a elasticidade de mídia, um conceito que ajuda marcas a dimensionar retorno, prever limites de escala e tomar decisões de investimento com mais segurança.
A elasticidade de mídia, também conhecida como Advertising Elasticity of Demand (AED), é um dos indicadores para avaliar como o investimento em publicidade impacta resultados de negócio.

A elasticidade de mídia mede quanto uma variação percentual na verba gera de variação percentual nas vendas ou em outro KPI de interesse. Imagem: Reprodução/Canva
Em outras palavras, elasticidade responde a uma pergunta: Se eu aumentar a verba de mídia, quanto isso deve aumentar o meu resultado?
Esse conceito é fundamental para prever retorno, estimar limites de escala, identificar saturação e otimizar orçamento.
Os primeiros grandes estudos que consolidaram esse tema vêm da meta-análise de Assmus, Farley e Lehmann (1984), publicada no Journal of Marketing.

Essa pesquisa reuniu dezenas de modelos econométricos e ajudou a formalizar os efeitos da publicidade sobre vendas, além de mostrar que a elasticidade existe, mas não é infinita. Imagem: Reprodução/Canva
Essa base histórica abriu caminho para análises mais modernas, que passaram a quantificar melhor o comportamento marginal do investimento.
Uma das referências importantes é a meta-análise de Sethuraman, Tellis e Briesch (2011), que analisou cinco décadas de dados.
Entre os principais achados:
· Elasticidade média de curto prazo de 0,12.
Um aumento de 1% em publicidade gera, em média, 0,12% de impacto em vendas.
· Elasticidade de longo prazo de 0,24.
Quando se considera efeito acumulado, a resposta dobra.
· Elasticidade menor ao longo do tempo.
A publicidade moderna rende menos que a publicidade de décadas anteriores, efeito ligado à saturação, competição e fragmentação de mídia.
· Elasticidades mais altas em bens duráveis e lançamentos.
A sensibilidade à propaganda varia significativamente por categoria.

Essas generalizações ajudam a criar expectativas realistas de retorno e a calibrar budget para diferentes momentos de marca. Imagem: Reprodução/Canva
Um estudo recente de Schöndeling, Geiss e Grund (2022) analisou elasticidade no setor de entretenimento e encontrou números bem superiores à média de mercado.
Alguns insights dessa meta-análise:
· Elasticidade média de 0,33, quase três vezes maior que a média geral.
· Menor variação entre países, mídias e períodos econômicos.
· Forte impacto de modelagem adequada para evitar estimativas infladas.
· Isso mostra que a elasticidade não é universal. Cada setor tem dinâmica específica e exige modelagem própria.
Grande parte da literatura analisa publicidade usando GRPs (Gross Rating Points) como proxy de exposição.
Tanto Comscore quanto IAB Brasil reforçam que GRPs e TRPs continuam úteis para comparar impacto entre TV, digital e mídia híbrida, especialmente em projeções de alcance e frequência.
O uso de GRPs na modelagem é relevante porque:
· evidencia como a pressão de mídia afeta saturação;
· ajuda a visualizar ganhos marginais conforme frequência aumenta;
· conecta métricas de planejamento tradicional com análises modernas.
Segundo estudo da Nielsen (2022), métricas de alcance baseadas em audiência coletadas durante a campanha têm correlação direta com ROI.
Isso significa que elasticidade não deve ser usada só no planejamento, mas também no acompanhamento e na otimização.

A combinação entre elasticidade estimada e métricas em tempo real melhora a eficiência do investimento e permite ajustes mais inteligentes. Imagem: Reprodução/Canva
Com base na literatura e nas práticas de mercado, elasticidade ajuda a:
· prever até onde a campanha pode escalar sem saturar;
· identificar se o budget atual está subotimizado;
· comparar eficiência marginal entre canais;
· projetar cenários e simular retorno esperado;
· ajustar expectativas de vendas e ROI;
· entender ciclos de campanha no curto e no longo prazo.

Elasticidade é, portanto, um instrumento estratégico para quem busca precisão e eficiência na alocação de recursos. Imagem: Reprodução/Canva
Elasticidade de mídia não é apenas uma métrica.
É uma forma de entender como a publicidade funciona, qual é o impacto real do investimento e onde estão os limites de escala.
As pesquisas mostram que:
· elasticidade média é baixa, mas varia por categoria;
· o efeito marginal diminui com a saturação;
· GRPs e métricas de audiência continuam relevantes;
· ajustes em tempo real aumentam o ROI;
· modelagem bem feita é essencial para estimativas confiáveis.
Com esse conjunto de evidências, profissionais de marketing ganham uma base sólida para planejar de forma mais precisa e otimizar investimentos com maior segurança.