em 24 de outubro de 2024
A economia da atenção é a forma como as pessoas administram a riqueza de informações com as quais elas entram em contato. Esse é um conceito que descreve a atenção humana como um recurso escasso em um ambiente de abundância de informações.
É impossível prestar atenção ou se quer se lembrar de todas as informações às quais somos expostos.
E ela não está apenas nas mídias digitais, mas também em todas as partes: nas formas como os produtos são dispostos nas prateleiras, nos comerciais na TV, nas capas de revistas.
Com tanto conteúdo predominando, a competição por atenção se torna cada vez mais acirrada e a mercadoria da atenção cada vez mais escassa.
O termo “economia da atenção” foi criado pelo economista e psicólogo Herbert A. Simon em 1971. Simon sugeriu que, em um mundo cada vez mais saturado de informações, a atenção humana se tornaria um recurso escasso.
Ele disse que “uma abundância de informação cria uma pobreza de atenção”. O que se tornou um desafio para os anunciantes, já que é impossível que a nossa atenção se destine para tudo com o qual temos contato.
Essa ideia evoluiu com o tempo, especialmente com o crescimento da internet e das plataformas digitais, que passaram a competir pela atenção das pessoas. O conceito ganhou ainda mais relevância com o desenvolvimento de mídias sociais, publicidade online e outros meios que buscam atrair e reter a atenção do usuário.
A economia da atenção está intrinsecamente ligada à mídia, já que as plataformas de mídia (como TV, rádio, internet, redes sociais) dependem da atenção das pessoas para gerar receita, principalmente por meio de publicidade.
Em vez de vender produtos físicos, muitas empresas de mídia vendem “atenção” – quanto mais tempo e engajamento elas conseguem do público, maior o valor que podem cobrar dos anunciantes.
Em plataformas como Instagram, Facebook e TikTok, por exemplo, é possível atrair a atenção oferecendo conteúdos envolventes e personalizados, e depois monetizar essa atenção com anúncios segmentados.
As marcas também competem pela atenção do consumidor com campanhas chamativas com o objetivo de manter o público engajado o máximo possível.
Com a atenção sendo tão disputada, as jornadas de consumo de conteúdo se tornam fragmentadas, com as pessoas frequentemente alternando entre várias plataformas e dispositivos.
Separamos algumas dicas para se destacar:
Em um ambiente de excesso de informação, produzir conteúdo criativo e que ofereça valor real ao usuário é necessário para se destacar.
O McDonald’s dos EUA, por exemplo, lançou uma campanha criativa para o retorno do McRib – sanduíche que fazia parte do cardápio da rede na década de 80, utilizando erros propositais para gerar curiosidade e engajamento.
A campanha começou com notificações confusas no aplicativo da marca e um e-mail “quebrado” enviado aos clientes, criando um mistério sobre o retorno do sanduíche.
Além das ações digitais, cartazes surgiram em Londres, enquanto que em diversos restaurantes do McDonald’s uma faixa sonora chamada “McRib FM” era reproduzida a cada duas horas, reforçando ainda mais a expectativa.
A campanha culminou em um outdoor afirmando que “O McRib não está de volta”, aumentando a expectativa. Alexandra Martin, gerente da marca, destacou a diversão de usar “acidentes” planejados e confirmou que o McRib voltou às prateleiras após semanas de suspense.
Nessa ação, o McDonald’s utilizou o recurso do inusitado para chamar a atenção das pessoas. Afinal, em épocas de economia da atenção, com tantas marcas disputando os consumidores, o esquisito vai chamar mais atenção do que o perfeito.
As pessoas tendem a prestar mais atenção em conteúdos visuais, e com atenção cada vez mais fragmentada, é possível perceber como o consumo de vídeos curtos deslanchou, especialmente nas redes sociais.
Um estudo da Microsoft revelou que o período da atenção humana caiu para 8 segundos, encolhendo quase 25% em alguns anos.
Os vídeos curtos, como os encontrados no TikTok, Reels e Shorts, moldam a forma como distribuímos nossa atenção porque são rápidos, dinâmicos e oferecem uma experiência visual e auditiva intensa em poucos segundos.
Na economia da atenção, onde empresas competem pela nossa atenção limitada, os vídeos curtos podem ser opções para destacarem os criativos de uma marca, de forma pensada e que faça sentido.
Ao oferecer conteúdos rápidos e fáceis de digerir, eles mantêm os usuários engajados, tornando-se uma ferramenta poderosa para marcas que buscam visibilidade em um ambiente competitivo, onde captar e manter a atenção é um recurso valioso.
Essa é uma estratégia que conecta diferentes pontos de contato com o usuário (redes sociais, e-mail, aplicativos, etc.), garantindo uma experiência contínua e integrada, independentemente do canal que o usuário escolher.
A C&A, por exemplo, tem se destacado em estratégias de omnicanalidade, integrando o ambiente online e físico. A empresa lançou o “Corredor Infinito”, permitindo que clientes comprem online quando não encontram produtos na loja física.
Além disso, criou um marketplace no aplicativo, onde, além de seus próprios produtos, oferece itens de parceiros para ampliar as opções aos consumidores.
Em meio a tanta informação, as pessoas buscam se conectar com marcas e criadores que parecem genuínos. Uma comunicação autêntica, transparente e humanizada pode ajudar a captar a atenção.
Oferecer conteúdo relevante e adaptado aos interesses e comportamentos específicos de cada usuário ajuda a criar experiências mais personalizadas.
Na mídia digital, os algoritmos são usados para personalizar conteúdos e maximizar o tempo de atenção dos usuários. Eles também analisam padrões de comportamento para oferecer sugestões que mantenham as pessoas conectadas por mais tempo.
Em resumo, a economia da atenção é um desafio contínuo para marcas e produtores de conteúdo, que precisam criar estratégias criativas e inteligentes para captar e reter o foco das pessoas em um ambiente digital cada vez mais competitivo e fragmentado.
Assim como o tempo, a capacidade de atenção de cada pessoa é limitada, e há uma “disputa” para capturar e manter esse recurso.
Os adultos estão possuindo cada vez mais dificuldade de se concentrar, e o número de crianças diagnosticadas com TDAH multiplicou-se nos Estados Unidos.
A mídia enfrenta uma concorrência feroz de diversas fontes, como outros meios de comunicação, plataformas de entretenimento e até apps de produtividade. Isso força as empresas de mídia a inovar constantemente para se manterem relevantes e atrair a atenção.
A economia da atenção transformou a forma como a mídia cria, distribui e promove seu conteúdo, priorizando não apenas o valor informativo ou artístico, mas a capacidade de capturar e reter a atenção do público.
Com a explosão de conteúdo digital, a atenção se tornou um recurso escasso e, consequentemente, valioso. Isso cria uma espécie de “mercado” onde diversas empresas, marcas, criadores de conteúdo e plataformas competem pela atenção do público, seja por meio de anúncios, redes sociais, vídeos, ou outros formatos.