SXSW 2025: as tendências que vão impactar o futuro

Do impacto da IA ao dadaísmo digital, veja os principais destaques do SXSW 2025 e o que eles significam para o mercado.

Ane Lima

em 14 de março de 2025

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    A maior feira de inovação do mundo acontece anualmente em Austin, no Texas, há 38 anos. Por lá é possível encontrar ativações de marcas, palestras e painéis sobre diversos tópicos e insights relevantes para o universo da mídia, marketing, inovação, tecnologia, consumo, cinema, música e muitos outros.

    Estamos falando do SXSW 2025. É nesse cenário que são discutidas durante uma semana as previsões e tendências que impactam esses setores em todo o mundo. 

    E se você também não foi para o South by Southwest, mas quer saber quais foram os temas mais quentes tratados por lá, continue aqui com a gente porque abaixo destacamos os principais pontos do evento.

    1. Inteligência artificial no entretenimento e marketing

    A adoção da IA está transformando a indústria do entretenimento, gerando mais debates sobre seu impacto em empregos e na integridade artística.

    Enquanto alguns profissionais veem a IA como uma ameaça, outros a consideram uma ferramenta que economiza tempo e recursos.

    Phil Wiser, CTO e VP executivo da Paramount, no palco do SXSW 2025.

    Phil Wiser, CTO e VP executivo da Paramount, no palco do SXSW 2025. Imagem: Reprodução/ Linkedin Phil Wiser

    Phil Wiser, CTO e VP executivo da Paramount destacou que é preciso entender o que está acontecendo, o que as empresas de tecnologia estão desenvolvendo e se engajar. Mas nesse meio também há várias implicações, que ninguém sabe ao certo ainda.

    O executivo destacou que o uso de IA na mídia ainda é experimental e desafiador. Ele apontou que as imagens geradas pela tecnologia ainda parecem artificiais, especialmente as de pessoas. No entanto, a IA já vem sendo aplicada na empresa para otimizar vídeos comerciais e em animações.

    Na imagem é possível ver uma  mulher falando no palco do SXSW 2025. Ela não usa microfone na mão, mas estende as mãos para a platéia.

    Cheryl Houser, fundadora da agência Creative Breed, trouxe o filme da Chevrolet com Elis Regina como exemplo do uso da IA em produções. Imagem: Reprodução/ Propmark

    No marketing, a inteligência artificial generativa está sendo utilizada para personalizar campanhas e melhorar a experiência do consumidor, embora haja preocupações sobre a transparência no uso de dados pessoais.

    2. Evolução dos podcasts e conteúdo digital

    Em sua tradicional apresentação de previsões, Scott Galloway apontou o podcast como “a mídia de 2025”, destacando seu crescimento superior ao de outras mídias com anúncios. Segundo ele, metade dos adultos ouviram um podcast no último mês.  

    Apesar da expansão, o mercado é altamente concentrado: dos 3,2 milhões de podcasts existentes, apenas 600 mil publicam semanalmente, e os 10 maiores concentram mais de um terço da audiência.

     

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    Uma publicação partilhada por Ed Elson (@ed_elson_)

    No aspecto financeiro, a situação é ainda mais restrita, com apenas 0,1% dos podcasts sendo sustentáveis – uma raridade comparável a classificar-se para as Olimpíadas, segundo Galloway.

    A entrada do YouTube no mercado de podcasts está redefinindo o formato, promovendo discussões sobre as vantagens e desvantagens dos podcasts em vídeo.

    Além disso, criadores digitais têm buscado maior reconhecimento e legitimidade na indústria, enfrentando desafios relacionados ao respeito e à valorização de seu trabalho.

    3. Diversidade, equidade e inclusão (DEI) em pauta no SXSW 2025

    O painel “Reformulando o debate DEI” trouxe uma discussão importante a respeito dos desafios e políticas de diversidade, equidade e inclusão em um cenário de retrocesso, sobretudo, nos Estados Unidos.

    Nos últimos anos foi possível ver grandes empresas como Google, Disney, GM, Intel, Meta e Deloitte reduzindo o foco em iniciativas de diversidade, suavizando ou removendo referências a DEI de seus relatórios.

    Mulher com perna protética trabalhando no laptop.

    Empresas que ainda investem em DEI saem ganhando. Imagem: Reprodução/ iStock

    No entanto, algumas companhias mantêm seu compromisso. A Apple, apesar da pressão para encerrar seus programas de diversidade, reafirmou sua importância para os resultados financeiros.

    Da mesma forma, acionistas da Costco rejeitaram propostas para eliminar essas iniciativas. Empresas que seguem investindo no tema colhem benefícios concretos – a Apple, por exemplo, associa parte de seu valor de mercado de US$ 3,7 trilhões à sua cultura inclusiva, reforçando a diversidade como estratégia de negócios eficaz.

    Mulher afro-americana na mesa e gesticulando com as mãos.

    A diversidade e a inclusão tornaram-se fatores decisivos para os consumidores. Imagem: Reprodução/ iStock

    Empresas que investem em práticas inclusivas podem aumentar significativamente seu valor de mercado, tornando a DEI um requisito essencial para o sucesso.

    4. O futuro da tecnologia e seu impacto na sociedade

    A palestra de Amy Webb, futurista e norte-americana, no SXSW 2025 abordou o futuro da tecnologia e seu impacto na sociedade, destacando a convergência da inteligência artificial generativa e sistemas autônomos, da biotecnologia e dos sensores avançados, criando um novo paradigma para os profissionais de martechs.

    Essa nova realidade apresenta desafios e oportunidades inéditas no uso da tecnologia para potencializar o marketing.

    A IA generativa permitirá a análise de dados em tempo real, a criação de conteúdo altamente personalizado e a automatização de estratégias, valorizando a criatividade e a tomada de decisões estratégicas.

    Segundo Webb, a convergência entre tecnologia e neurociência, através de interfaces cérebro-computador, tem o potencial de revolucionar o engajamento e a experiência do usuário, permitindo interações diretas com o cérebro humano.

    No entanto, a ética na coleta e uso de dados, bem como questões de privacidade, transparência e segurança, se tornam cruciais.

    A hiperpersonalização exigirá que as marcas encontrem um equilíbrio entre automação e humanização para manter a autenticidade nas comunicações.

    5. Narrativa centrada no humano

    A discussão entre Eddy Cue, VP sênior de serviços da Apple, e Ben Stiller, ator e diretor, no SXSW 2025 focou em storytelling e na relevância no mercado saturado de streaming.

    Cue enfatizou a importância de focar em poucas coisas e fazê-las bem para se destacar, usando a série “Ruptura” como um exemplo de produção que capturou a imaginação do público.

    Stiller concordou com a dificuldade de chamar a atenção do público devido à vasta quantidade de conteúdo disponível atualmente.

    As marcas precisam cada vez mais se voltar para o consumidor e cada vez menos para a concorrência. É preciso manter o foco no que importa na era do imediatismo.

    Cheryl Miller Houser, roteirista e diretora, liderou um dos painéis sobre “Narrativas centradas no humano”, apresentando um framework para criar histórias emocionalmente autênticas que geram conexão e podem transformar comportamentos.

    Sua abordagem se baseia na ideia de que boas histórias fazem as pessoas sentirem.

    O framework apresentado possui três pilares fundamentais: ouvir com o coração aberto, lutar e triunfar (mostrar desafios e superações), e fomentar a integração (unir pessoas).

    Exemplos como a NFL, que conecta jogadores e torcedores, e o comercial “The Greatest” e “The Relay“da Apple, que mostrou o uso da tecnologia para promover a independência de pessoas com deficiência, ilustram a aplicação desses princípios.

    6. O crescimento do YouTube nas Tvs Conectadas

    A discussão sobre o marketing de influência no SXSW 2025 apontou para o crescimento do YouTube nas TVs conectadas e seu potencial para trazer as marcas de volta à TV de uma nova maneira.

    Nos Estados Unidos, o YouTube já supera Netflix e Disney+ em audiência nas TVs conectadas, especialmente entre os jovens.

    No entanto, muitas marcas ainda priorizam plataformas como Instagram e TikTok em suas estratégias de influência.

    Casal deitado no sofá, assistindo à TV Conectada.

    A expectativa é que o YouTube desempenhe um papel central na publicidade em vídeo. Imagem: Reprodução/ iStock

    Ao fazer isso, perdem a oportunidade de engajar uma audiência fiel no YouTube, explorar formatos mais longos e a busca orgânica.

    Para alcançar novas audiências, como a Gen Z, as marcas precisam co-criar com creators relevantes no YouTube, investir em conteúdo evergreen e ampliar o mix de mídia paga com anúncios na plataforma.

    7. Dadaísmo digital: o absurdo virou estratégia de impacto

    Um dos temas que chamou grande atenção de quem foi até a feira foi o dadaísmo digital, que resgata o poder do absurdo como ferramenta para desafiar normas, engajar o público e trazer leveza ao dia a dia.

    No SXSW 2025, especialistas como Dan Murphy, VP sênior na Liquid Death, Benji Geary, roteirista, e Aaron Tichenor, modelo, exploraram como o nonsense pode transformar o marketing, a arte e a comunicação.  

    A abordagem irreverente já se reflete em marcas que usam o inesperado para capturar atenção, rompendo com a lógica tradicional.

    O dadaísmo digital foi uma das tendências apresentada no evento SXSW 2025.

    O conceito não busca apenas criatividade, mas provocar reações, causar estranhamento e quebrar padrões. Imagem: Reprodução/ iStock  

    No fim, o absurdo não é só entretenimento, é uma estratégia para se destacar em um mundo saturado de previsibilidade e discursos vazios. Quem ousa abraçar o caos pode encontrar um novo caminho para se conectar com as pessoas.

    8. O futuro da IA e da computação quântica

    Arvind Krishna, CEO da IBM, apresentou no SXSW 2025 a ideia de que o futuro da IA e da computação quântica está mais próximo do que se imagina, com a convergência dessas tecnologias remodelando negócios e acelerando descobertas científicas.

    Dois homens estão sentados no palco do SXSW e debatendo, de forma que uma grande plateia acompanha tudo.

    Krishna sugeriu que em breve as empresas terão suas próprias versões de IA treinadas com seus dados exclusivos, explorando um campo ainda pouco utilizado. Imagem: Reprodução/ iStock

    Ele desmistificou o receio da perda de empregos, argumentando que a IA impulsionará a produtividade e a demanda. Sobre a computação quântica, Krishna prevê avanços significativos até o final da década, especialmente em materiais e química, com potencial para resolver problemas complexos.

    Ele explicou que IA e computação quântica se complementam, com a IA analisando dados e a computação quântica entendendo a natureza fundamental.

    A adoção em massa da computação quântica dependerá de sua capacidade de resolver problemas de interesse direto para o público.

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