em 4 de julho de 2024
O primeiro comercial feito COM IA já está em nosso meio. Inteiramente produzido por uma inteligência artificial da OpenAI (a mesma detentora do queridinho ChatGPT), o criativo foi apresentado ao público pela primeira vez no Festival Cannes Lions 2024.
O vídeo de um minuto apresenta Charles Lazarus, fundador da Toys ‘R’ Us, uma rede de lojas de brinquedos, em sua infância, e explora a concepção da loja e do mascote Geoffrey, que é uma girafa.
No enredo, o jovem Charles adormece na loja de bicicletas de seu pai e é transportado para um universo imaginário onde conhece Geoffrey.
O comercial é notável por ser totalmente gerado por IA, algo inédito para a marca Toys ‘R’ Us e para o universo da publicidade. Esta iniciativa faz parte de uma tendência crescente de uso da inteligência artificial para criar conteúdos publicitários.
No entanto, essa tecnologia também gerou debates sobre seu impacto potencial no mercado de trabalho e na indústria criativa.
“The Origin of Toys ‘R’ Us” é o primeiro filme da marca criado usando a ferramenta de texto para vídeo da OpenAI, a SORA.
SORA, ainda não lançado publicamente, é capaz de criar videoclipes de um minuto sem diálogos, utilizando IA generativa.
O comercial foi desenvolvido em colaboração com a agência criativa Native Foreign, com extensa revisão e participação humana durante toda a criação.
Kim Miller, diretora de marketing dos estúdios criativos da Toys“R”Us, explicou que todo o processo começou com texto, embora algumas cenas tenham sido montadas mais rapidamente do que outras, exigindo diferentes níveis de interação.
“A disposição, a aparência dos personagens, suas roupas, as emoções e o cenário precisavam se harmonizar perfeitamente. Às vezes, o resultado ficava quase certo de primeira; em outras ocasiões, exigia mais ajustes”, concluiu Miller.
Segundo a WHP Global, o filme foi concebido e produzido em poucas semanas, “condensando centenas de tomadas interativas em algumas dezenas”.
SORA eliminou a necessidade de atores e câmeras. Mas, para a criação de transições bem-sucedidas para o corte final, foram necessários roteiristas e artistas de efeitos visuais para preencher as deficiências do modelo de IA. Além disso, Aaron Marsh, vocalista do Copeland, compôs a trilha sonora original do filme.
Apesar de a versão inicial da SORA estar disponível, por enquanto, apenas para alguns executivos da indústria do entretenimento, a tecnologia gerou controvérsia ao ser vista como uma ameaça aos empregos da indústria da economia criativa.
Em fevereiro, Tyler Perry, ator, autor, diretor, roteirista, produtor e comediante americano, interrompeu uma expansão de US$ 800 milhões de seu estúdio, em Atlanta, após uma das primeiras demonstrações do potencial da SORA.
“Estou muito, muito preocupado que, em um futuro próximo, muitos empregos serão perdidos”, disse Perry ao The Hollywood Reporter na época. “Eu realmente sinto isso muito fortemente.”
Vale mencionar que esse não é o primeiro comercial produzido com inteligência artificial, mas sim o primeiro comercial produzido a partir da SORA.
O título de “primeiro comercial feito com IA” fica por conta do anunciante e respeitamos sua liberdade poética, mas a exploração de vídeos que utilizam IA para fins publicitários não é recente e já observou outros criativos em destaque.
Um destes exemplos é o de um comercial feito para a marca de pastas de amendoins “Gary & Bary’s”, produzido pela Lift, uma agência israelense.
A inteligência artificial criou um anúncio no qual diversos cachorros aparecem em uma série de cenas desejando uma pasta de amendoim, tudo isso ao som de uma bela ópera de fundo. No final, surge a frase: “feito para humanos, mas desejado por todos”. A genialidade está na simplicidade e no apelo direto ao público-alvo.
E apesar dessas não serem tentativas novas, é bom estar sempre atento ao que o presente e o futuro da tecnologia nos reserva.