em 31 de maio de 2022
Todos os dias a internet se reinventa, e assim como a história da humanidade é dividida em períodos, a história da internet não é diferente. Ela passou e continua passando por diferentes transformações.
A maneira como nos relacionamos nesse ciberespaço se transformou de maneira estrondosa desde a década de 1980, quando a internet deixou de ser usada somente para fins governamentais, e passou a ser usada pela população em geral, até os dias atuais.
Especialistas no assunto, afirmam que estamos vivenciando uma fase de transição na história da internet. Estamos passando da web 2.0 para a web 3.0.
Mas o que seria essa web 3.0?
Antes de tentarmos explicar o que seria essa terceira fase da internet, precisamos mencionar que não há um conceito definido para explicar o que seria web3, afinal é um termo que está em construção.
Mas de acordo com o próprio criador do termo, Gavin Wood, co-criador do Ethereum, segunda maior moeda digital do mundo, atrás apenas do Bitcoin, a web3 pretende “remodelar a internet”.
Aspectos como metaverso, NFTs, criptomoedas, inteligência artificial, blockchains e muito mais fazem parte dessa nova fase da internet.
A grande promessa da web 3.0 é ser descentralizada. Em outras palavras, o controle de dados da população que hoje está nas mãos de grandes empresas de tecnologia, passaria a ser controlado pelos próprios donos dessas informações, ou seja, nós mesmos, os usuários.
Mas como? São essas e outras perguntas que vamos responder por meio deste artigo.
Mas antes de falarmos sobre web 3.0, vamos falar um pouco sobre as versões anteriores a ela. Assim, fica mais fácil de percebermos como ao longo dos anos pequenas e grandes mudanças levaram a internet ao que conhecemos hoje.
E dica: essas mudanças não param!
A primeira fase da internet, a web 1.0, deslanchou no início dos anos 1990, quando empresas começaram a oferecer serviços de conexão residencial e empresarial.
Nessa época a forma de interação era muito estática. Os sites eram meros hospedeiros, agindo como um armazenador de textos e links. A menos que você seja da Geração Z, com certeza vai se lembrar do Yahoo.
A internet nessa época atuava como um canal passivo, reproduzindo a forma de interação dos principais meios de comunicação da época, que eram a TV e o rádio. Ou seja, o internauta digitava, lia e saia, como se ele estivesse lendo um jornal impresso, mas no computador, entende?
Os sites não eram acessíveis, porque além de caros, eram difíceis de serem criados e manuseados. Eles também não eram tão agradáveis visualmente se levarmos em consideração as combinações questionáveis de cores e a carência de recursos visuais, como imagens e vídeos, que eram raridades em sites na época.
Mas até aí, tudo certo. Afinal a internet estava no berço e dava seus primeiros passos.
Já na segunda versão, conhecida como web 2.0, os usuários deixaram de ser meros espectadores, e passaram a ser participantes ativos desse processo de comunicação. Aqui eles não só consumiam a informação, mas também a produziam.
Estamos falando da era que começou com as primeiras interações em bate-papos, da era do MSN, do Orkut, do Twitter, do fenômeno Facebook, que revolucionou a forma como passamos a nos relacionar com as redes sociais. Da era da criação de conteúdo, do marketing de influência, dos short vídeos, dos podcasts, e muito mais.
O problema de tudo isso, é que nessa fase, esses usuários que são protagonistas da internet, não possuem nenhum controle sobre seus dados, ou sobre sua privacidade.
Lembra quando você aceita os termos de uso de um site ou um aplicativo? Ou quando você aceita cookies dessas mesmas empresas na internet? Ou quando você permite que um site ou app tenha acesso a suas informações como fotos, contatos ou aúdios? Então!
Não estamos sugerindo que você delete todos os aplicativos do seu celular ou pare de acompanhar qualquer site. Apenas precisamos refletir “para onde vão todas essas informações privadas de cada um dos milhares de internautas?”.
Pois bem, elas estão concentradas nas mãos das big techs, que utilizam esses dados para publicidade e, através desses, obtêm seu faturamento.
Para você ter uma melhor noção, segundo uma pesquisa realizada pela Synergy Research Group, 65% de todo o mercado de dados de armazenamento na nuvem está nas mãos de três empresas, Amazon, Microsoft e Google.
É muita informação, sob a posse de uma pequena parte do todo. E a proposta da web 3.0 é justamente transformar alguns aspectos da internet que já conhecemos hoje, unindo a descentralidade da web 1.0, com a funcionalidade da web 2.0.
Para entendermos de uma vez por todas a web3, vamos conferir algumas características dela.
Descentralização: Descentralizar é a principal característica da web 3.0, como já mencionamos várias vezes. Sua proposta é devolver o “poder” aos usuários. Assim, eles fariam essa escolha de compartilhar ou não suas informações, e com quem compartilhá-las.
Interoperabilidade: Também conhecido como peer-to-peer, o usuário não precisaria ficar criando contas em vários aplicativos diferentes, ou realizando vários cadastros. É como se os logins em cada aplicativo fossem unificados em um só.
Transparência: Um dos objetivos dela também é lidar com a leitura de dados, fazendo uma análise deles e corrigindo possíveis erros, como as fake news, por exemplo.
Segurança: A web 3.0 vai usar a tecnologia blockchain, que se trata de armazenar informações em blocos que recebem uma impressão digital chamada ‘hash’, que possui um código matemático único. Essa é a mesma tecnologia usada pelas criptomoedas.
Depois que o Facebook mudou o nome da sua organização para “Meta”, o termo começou a bombar entre os internautas. Mas afinal, o que seria esse metaverso e o que ele tem a ver com o futuro da web?
O metaverso é uma tecnologia futurística que busca mesclar realidade virtual e realidade aumentada. De modo que as pessoas estejam inseridas em um espaço virtual, e que fragmentos desse espaço causem impactos na vida real delas.
Alguns jogos já fazem uso dessa tecnologia. Pokémon Go, por exemplo, o jogo de caçar avatares virtualmente, foi um fenômeno entre o público, e fez uso da técnica de realidade aumentada.
Mas a ideia é que o metaverso se expanda para todas as áreas da vida das pessoas, de modo que elas se sintam dentro desse “espaço virtual”. Onde elas poderão interagir, trabalhar, participar de reuniões, criar vínculos de relacionamento, e até ter bens materiais. Tudo isso, virtualmente.
A ideia é movimentar ainda mais a economia digital desse universo.
Lembra que falamos no parágrafo anterior que os usuários poderão comprar bens materiais? Então, eles poderão fazer isso por meio de tecnologias como as criptomoedas, os NFTs (tokens não fungíveis) e mais.
As criptomoedas atuariam como meios de compra e troca, e os NFTs atuariam como comprovantes digitais de autenticidade. Essas tecnologias fazem parte da base blockchain, que é um sistema extremamente seguro composto por blocos que recebem uma impressão digital chamada ‘hash’, que possui um código matemático único.
Já existe uma economia do metaverso constituída em blockchain, com produtos e serviços, e esse mercado só tende a se expandir cada vez mais.
A proposta da web 3.0 é essa, ela busca otimizar a experiência do usuário. Busca descentralizar o campo internet, dando para os internautas a oportunidade de decidirem se vão ou não compartilhar suas informações.
Busca também corrigir erros, como as fake news e os hackers, dando mais segurança ao internauta. Afinal, se ele vai passar a ficar mais tempo conectado, ele precisa se sentir seguro na rede mundial de computadores.
Mas como nem tudo que reluz é ouro, as opiniões quanto a web 3.0 são divergentes. Alguns especialistas são favoráveis a essas transformações que a terceira etapa da internet promete. Porém, nem todos concordam com essas ideias que garantem “remodelar a internet”.
Afinal, será mesmo que essa nova fase vai ser transparente e democrática como promete? Será que vamos realmente ter controle sobre nossos dados? E quanto ao futuro “virtual”, o que podemos esperar desse modelo dividido entre o digital e o real?
Jack Dorsey, ex-presidente do Twitter, e um dos principais críticos da web 3.0 mencionou que ela se trata de “uma entidade centralizada com um rótulo diferente”.
Elon Musk também se pronunciou a respeito, e chegou a comentar que a “web3 soa como bobagem”.
Em outro tweet ele debocha perguntando: “Alguém viu a web3? Não consigo encontrar.”
Já para Scott Galloway, professor de marketing da Universidade de Nova York, o grito de guerra “descentralização”, da web3, está apenas se camuflando, para se tornar uma nova “recentralização”.
“Haverá algumas tecnologias duradouras aqui. Mas esta não é a web3. É a web de 2001”. Na visão dele, novos centralizadores surgirão, e a desproporção permanecerá.
Esse é um assunto que ainda vai dar muito o que falar. Mas uma coisa é certa, a web 3.0 está batendo na porta e pretende ficar. Mudanças são inevitáveis, ainda mais no campo tecnológico, que se recria todos os dias.