
em 5 de novembro de 2025
De um esporte tradicional a um fenômeno de mídia. A Fórmula 1 entendeu que competir por atenção vai muito além da pista e virou um dos cases mais interessantes de reposicionamento de marca.
Poucos cases de reposicionamento são tão consistentes quanto o da Fórmula 1.
Em menos de uma década, o campeonato saiu de um público envelhecido e de audiência em queda para se tornar um fenômeno cultural entre novas gerações, impulsionado por uma estratégia que uniu mídia, entretenimento e lifestyle de forma brilhante.
Quando a Liberty Media assumiu o controle em 2017, o diagnóstico era claro: a F1 precisava deixar de ser apenas uma competição de motores e velocidade para se tornar uma plataforma de conteúdo e experiências.

E a mudança começou de dentro pra fora. Imagem: Reprodução/Mark Thompson/Getty Images
A F1 entendeu que a emoção fora das pistas era tão valiosa quanto a corrida em si. Com o Drive to Survive, da Netflix, a categoria passou a contar histórias humanas (rivalidades, dramas e bastidores) e, com isso, conquistou uma nova base de fãs.
O impacto foi direto: segundo a Nielsen, o público global da F1 cresceu +40% entre 2019 e 2023, com destaque para a faixa de 18 a 34 anos.
Antes, o foco era apenas na TV. Hoje, a F1 é um ecossistema digital completo.
A categoria aposta em mídias sociais, documentários, ativações de marca e eventos físicos que aproximam o fã do espetáculo.
O resultado é uma presença contínua, não só nos fins de semana de corrida.
Cada equipe e piloto é tratado como uma marca, com identidade própria, voz e conteúdo direcionado.

Lewis Hamilton, por exemplo, virou um case de personal branding, conectando moda, causas sociais e performance. Imagem: Divulgação/Monster
Uma das maiores viradas da Fórmula 1 foi entender que o valor da marca não está apenas nas corridas, mas no ecossistema cultural que se forma ao redor delas.
O marketing da F1 se abriu para colaborações fora do universo esportivo, conectando o esporte a moda, música, gastronomia e entretenimento, e transformando cada Grande Prêmio em um palco de experiências.
Um dos exemplos mais comentados foi o GP de Las Vegas, lançado como uma “experiência de entretenimento global”.
Ali, a corrida virou o plano de fundo para uma imersão de marca: shows, festas, ativações de luxo e parcerias com gigantes como McDonald’s, que criou uma collab inspirada na Red Bull Racing.

A campanha trouxe sanduíches temáticos, embalagens exclusivas e até produtos colecionáveis, tudo conectado ao universo das pistas. Imagem: Divulgação/McDonalds
O resultado foi uma ação que ultrapassou o público esportivo e posicionou a F1 dentro da cultura pop, ao lado de marcas de fast food, moda e lifestyle.
Mas o movimento não parou aí.
Ferrari e Puma reforçaram a conexão entre performance e estilo, transformando uniformes de corrida em peças de moda urbana.
Red Bull e AlphaTauri consolidaram a fusão entre esporte e fashion com desfiles, coleções cápsula e presença nas principais semanas de moda.

McLaren e Chrome exploraram o território da inovação digital, com experiências imersivas e conteúdos interativos voltados à nova geração. Imagem: Divulgação/McLaren F1 Racing
E pilotos como Daniel Ricciardo, com sua marca Enchanté, ampliaram o alcance do lifestyle da F1 ao criarem produtos de moda e design inspirados na cultura das corridas, algo que humaniza e aproxima o público dos ídolos.
Essas colabs mostram que a Fórmula 1 entendeu um ponto-chave do branding moderno: o esporte é apenas o ponto de partida.
O verdadeiro diferencial está em como a marca se conecta a outros universos culturais e se mantém presente no dia a dia das pessoas, seja em uma coleção de roupas, em um menu temático ou em uma experiência imersiva num circuito.

A Fórmula 1 deixou de ser apenas uma competição para se tornar uma plataforma de expressão de marca, onde performance, cultura e estilo correm lado a lado. Imagem: Reprodução/Mídia Market
A F1 usa dados de audiência e comportamento digital para personalizar a entrega de conteúdo, enquanto mantém um discurso aspiracional.
O reposicionamento não foi apenas estético, mas estrutural: a marca entendeu que competir por atenção hoje exige ser relevante fora do seu núcleo.

A Fórmula 1 se tornou uma marca que fala de velocidade, mas também de tecnologia, sustentabilidade, luxo e lifestyle. Imagem: Reprodução/iStock
A F1 hoje é uma das propriedades esportivas mais valiosas do mundo. Em 2024, seu valor de marca ultrapassou US$ 20 bilhões, e o interesse de patrocinadores nunca foi tão alto, com empresas de tecnologia, moda e entretenimento disputando espaço nos paddocks.
Fórmula 1 reinventou o modelo de gestão de marca. É o exemplo perfeito de como a combinação entre storytelling, dados e colaborações estratégicas pode transformar uma categoria tradicional em uma marca culturalmente relevante.