Do rádio ao TikTok: mídia e novos hábitos de consumo

Entenda como a mídia transformou hábitos e formatos do rádio ao TikTok, e o que isso diz sobre o futuro do conteúdo.

Agência Hugz Thaís Dreveck

Conteúdo produzido em parceria com

Agência Hugz e Thaís Dreveck

em 7 de julho de 2025

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    A forma como consumimos conteúdo está intimamente ligada à evolução dos meios de comunicação.

    Se antes ir à banca de jornal para saber qual o horóscopo do dia fazia parte da rotina, hoje o leitor está a um clique de uma avalanche de informações personalizadas em tempo real, antes mesmo de seu café ficar pronto.

    Cada novo canal que surgiu ao longo da história não apenas transformou o formato das mensagens, mas também impactou diretamente os hábitos, comportamentos e expectativas do público.

    Mãos digitando na máquina de escrever velha e laptop moderno, representando a evolução da mídia do rádio ao TikTok.

    Os meios de comunicação passaram por profundas transformações. Imagem: Reprodução/ iStock

    Hoje consumimos mais do que em qualquer outro momento da última década. E assim como o consumo não é mais o mesmo, a mídia também não.

    As marcas que acompanharam esse ritmo de crescimento certamente não se tornaram obsoletas.

    Do rádio ao TikTok: o hábito diário e o consumo seletivo

    Durante décadas, jornais, revistas e livros impressos foram a principal fonte de informação, cultura e entretenimento.

    Das bancas lotadas dos mais recentes exemplares às revistas digitais, vimos esse movimento migratório se tornar realidade pouco a pouco.

    Pilha de jornais em cima de uma mesa.

    O impresso era parte do dia a dia, valorizado pela credibilidade e profundidade. Imagem: Reprodução/ iStock

    Com a chegada da internet nos anos 2000, a praticidade e a velocidade do digital reduziram o alcance dos impressos, especialmente de jornais e revistas.

    Apesar disso, o impresso não desapareceu, apenas mudou de lugar. Hoje, livros físicos seguem valorizados, e publicações impressas de nicho ganham espaço com tiragens limitadas, foco estético e curadoria de conteúdo.

    O consumo se tornou mais seletivo e simbólico, representando uma pausa no ritmo digital e uma busca por experiências mais tangíveis e duradouras.

    Prova disso foi a volta da revista Capricho impressa, fenômeno no universo teen nos anos 2000. 

     

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    Lá atrás a editora precisou se reinventar em um formato 100% online, o que aconteceu com outros veículos.

    Mas em 2025 a revista voltou ao formato impresso, em uma tentativa de entregar muito mais que uma revista, mas sim uma “experiência”, tanto do ponto de vista de relação com a comunidade que acompanha o veículo há anos, quanto com quem nasceu em uma cultura totalmente online.

    Era do rádio: o início da cultura de massa

    O rádio, no início do século XX, foi o primeiro grande veículo de comunicação em massa. Ele uniu populações inteiras em torno de transmissões ao vivo, fossem notícias, novelas ou músicas.

    O consumo era linear, coletivo e passivo: as pessoas ajustavam sua rotina aos horários da programação. 

    O consumo do rádio também se transformou ao longo das décadas, acompanhando avanços tecnológicos e mudanças no comportamento do público.

    Uma adolescente do passado em preto e branco ouvindo no rádio.

    O rádio é a união de três tecnologias: a telegrafia, o telefone sem fio e as ondas de transmissão. Imagem: Reprodução/ iStock

    Entre os anos 1930 e 1950, o rádio viveu sua Era de Ouro, sendo o principal meio de informação e entretenimento nas casas brasileiras.

    Com a chegada da TV entre as décadas de 1960 e 1980, perdeu espaço como mídia de massa, mas se reinventou com a segmentação de conteúdo e a popularização das rádios FM, voltadas especialmente para a música.

    Nos anos 1990 e 2000, mesmo com a internet ganhando força, o rádio manteve seu lugar graças à mobilidade e à presença em carros e ambientes de trabalho.

    Já a partir dos anos 2010, o crescimento do streaming e dos podcasts mudou o modo de ouvir áudio, levando as rádios a migrarem para o ambiente digital.

    Jovem feliz gravando podcast com co-apresentador em estúdio moderno.

    Os podcasts caíram no gosto dos consumidores. Imagem: Reprodução/ iStock

    Hoje, o consumo de rádio convive com o áudio sob demanda. Enquanto plataformas como Spotify e YouTube crescem, o rádio tradicional ainda resiste, principalmente entre públicos mais velhos e em regiões com menor acesso à internet.

    51% dos brasileiros ouvem podcasts pelo menos ocasionalmente, segundo a Statista Consumer. E a maior parte do público possui entre 16 e 64 anos.

    A integração com smart speakers e assistentes de voz mostra que o rádio continua se adaptando para seguir relevante no cotidiano.

    Televisão: imagem, espetáculo e entretenimento

    Com a TV, o consumo de conteúdo tornou-se ainda mais impactante visualmente. Programações fixas continuaram dominando, mas agora com o apelo das imagens.

    A TV moldou comportamentos sociais, culturais e até de consumo, com a força dos comerciais e a cultura de celebridades.

    O consumo de televisão passou por grandes transformações desde sua popularização nas décadas de 1950 e 1960.

    Naquele período, a TV se consolidou como o principal meio de comunicação de massa, centralizando o entretenimento e a informação no ambiente doméstico.

    Vista traseira de uma família negra assistindo TV em casa.

    A chegada da TV representou um marco na forma de consumo. Imagem: Reprodução/ iStock

    Durante décadas, a programação linear, com horários fixos e canais limitados dominou a rotina das famílias, com novelas, jornais, programas de auditório e grandes transmissões ao vivo.

    Mas foi a partir dos anos 1990, com a chegada da TV por assinatura, que o público passou a ter acesso a uma variedade maior de conteúdos e canais segmentados.

    Essa mudança ampliou as opções de escolha, mas ainda dentro de uma lógica de grade fixa.

    Já nos anos 2000, o avanço da internet e o surgimento de novas telas começaram a mudar a forma como as pessoas consumiam vídeo, abrindo caminho para uma relação mais ativa com o conteúdo.

    E em 2010, plataformas de streaming como Netflix, YouTube e Amazon Prime Video consolidaram o modelo sob demanda, permitindo que o espectador escolhesse o que assistir, quando e onde quisesse.

    Mão da mulher segurando o controle remoto da TV.

    Com isso, a TV deixou de ser apenas um aparelho e passou a ser uma experiência multiplataforma. Imagem: Reprodução/ iStock

    Nesse contexto, as TVs Conectadas ganharam destaque ao unir a experiência tradicional da televisão com acesso direto à internet e aos serviços de streaming, reunindo conteúdos ao vivo e sob demanda em um só lugar.

    Hoje, o consumo de TV é marcado pela personalização, pelo controle do espectador sobre o tempo e pelo cruzamento entre formatos: muitos ainda assistem a canais abertos e pagos, mas cada vez mais combinam isso com conteúdos sob demanda e interativos.

    Jovem hispânica curte sua noite em casa assistindo TV.

    A experiência se tornou híbrida, e agora mais conectada e digital do que nunca. Imagem: Reprodução/ iStock

    Internet e redes sociais: fragmentação e personalização

    A chegada da internet, nos anos 1990, quebrou a lógica de “um para muitos” e inaugurou uma nova era: o conteúdo passou a ser acessado sob demanda.

    Plataformas como YouTube, blogs e redes sociais deram voz a qualquer pessoa e transformaram os usuários em produtores.

    Nos anos 2000, com a popularização da banda larga e o surgimento das primeiras redes sociais como Orkut e MySpace, o comportamento online começou a mudar.

    Retrato fotográfico de jovem atraente sentada trabalhando no computador.

    O consumo passou a ser cada vez mais personalizado e fragmentado. Imagem: Reprodução/ iStock

    A navegação se tornou mais interativa e o usuário passou a produzir e compartilhar conteúdo.

    Ao mesmo tempo, a chegada dos smartphones e das redes 3G e 4G, entre o fim da década de 2000 e início de 2010, transformou completamente o cenário: estar online virou algo constante, móvel e pessoal.

    A partir daí, redes como Facebook, Instagram, Twitter (hoje X), YouTube e, mais recentemente, TikTok e LinkedIn consolidaram-se como centrais na vida digital.

    O consumo se intensificou com vídeos curtos, memes, lives, stories e algoritmos que personalizam os feeds de acordo com interesses e comportamentos.

    O logotipo dos aplicativos Facebook, Instagram, WhatsApp, TikTok e Threads.

    Ao mesmo tempo, surgem preocupações com privacidade, bem-estar digital e excesso de estímulos. Imagem: Reprodução/ iStock

    As redes sociais deixaram de ser apenas espaços de conexão entre pessoas e passaram a ser plataformas de entretenimento, notícia, ativismo, consumo e construção de identidade.

    Hoje, o uso da internet e das redes sociais é marcado pela velocidade da informação, pela criação em tempo real e pela multiplicidade de vozes. 

    Ainda assim, é inegável que as redes sociais se tornaram protagonistas na forma como nos comunicamos, consumimos e entendemos o mundo, e seu papel continua em expansão, influenciando hábitos, cultura e negócios em escala global.

    TikTok e a lógica do algoritmo

    Quem diria que o TikTok se tornaria esse fenômeno que arrasta multidões e esse universo onde as marcas são descobertas todos os dias.

    Plataformas como TikTok representam uma nova fase: o conteúdo não só é curto e imersivo, como também guiado por algoritmos que conhecem os interesses do usuário melhor do que ele mesmo.

    A lógica de “viralizar” mudou: agora, o conteúdo é moldado para atender aos padrões da plataforma, e o consumo é contínuo, rápido e infinito.

    Mãe negra e duas filhas negras dançando para o TikTok.

    Na era do TikTok e dos algoritmos, o consumo de internet e redes sociais se tornou ainda mais acelerado, personalizado e imprevisível. Imagem: Reprodução/ iStock

    O TikTok, com seu formato de vídeos curtos, verticais e envolventes, redefiniu padrões de atenção, entretenimento e produção de conteúdo.

    Diferente das redes anteriores, onde o foco era seguir pessoas e marcas, o que move o TikTok e, por consequência, o comportamento digital atual é o algoritmo de recomendações, que prioriza o conteúdo mais relevante para o usuário, não importa quem o postou.

    Esse modelo influenciou outras plataformas: o Instagram implementou os Reels, YouTube criou os Shorts, e até o Spotify passou a explorar mais fortemente a personalização algorítmica.

    Empresário falando no telefone no escritório.

    O que vemos agora é uma cultura guiada por algoritmos, em que o conteúdo encontra o usuário antes mesmo que ele o procure. Imagem: Reprodução/ iStock

    Isso muda não só o consumo, mas também a criação, já que os vídeos são pensados para “performar bem” dentro da lógica algorítmica, com ganchos rápidos, estímulos visuais, sons virais e linguagem informal.

    Ao mesmo tempo, o conteúdo se tornou fragmentado, visual e efêmero. O tempo de atenção está cada vez menor, e as redes competem por segundos do nosso foco.

    A viralização é imprevisível e muitas vezes mais importante do que a autoridade ou a qualidade do conteúdo.

    Nessa lógica, o usuário não escolhe o que vê, mas sim o algoritmo escolhe por ele, com base em interações anteriores, comportamento e até tempo de permanência em cada vídeo.

    Essa dinâmica impulsiona tendências com velocidade impressionante, mas também levanta discussões sobre vício, bolhas de informação e superficialidade.

    Ainda assim, é o modelo dominante do momento e exige que marcas, criadores e plataformas entendam não apenas o conteúdo, mas também o funcionamento dos sistemas que o distribuem.

    Impacto no comportamento do consumidor

    A trajetória da mídia (do rádio ao TikTok) nos revela uma mudança constante: de um consumo linear a um modelo híbrido e sob demanda, de massa ao ultra personalizado. Cada evolução redefiniu nosso modo de consumir, criar e interagir e continuará fazendo isso no futuro.

    Nesse cenário, não basta estar presente. Marcas e criadores precisam compreender a lógica de cada canal, falar a linguagem de seus públicos e acompanhar as rápidas mutações culturais.

    Mulher negra assistindo televisão sentada no chão e enrolanda na coberta.

    Mais do que produzir conteúdo, é necessário criar conexão, gerar valor e entregar experiências significativas. Imagem: Reprodução/ iStock

    A mídia não é mais apenas um meio, ela se tornou o próprio ambiente onde nos informamos, nos entretemos, consumimos e nos relacionamos. E quem entende essa transformação não apenas sobrevive, mas lidera a conversa em um mundo onde a atenção vale mais do que o ouro.

    Precisamos ficar atentos às mudanças do mercado, pois como disse Neil Postman em seu livro Technopoly, “uma nova tecnologia não apenas acrescenta algo; ela muda tudo”. Você está preparado para o que o futuro nos reserva?

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