A forma como consumimos conteúdo está intimamente ligada à evolução dos meios de comunicação.
Se antes ir à banca de jornal para saber qual o horóscopo do dia fazia parte da rotina, hoje o leitor está a um clique de uma avalanche de informações personalizadas em tempo real, antes mesmo de seu café ficar pronto.
Cada novo canal que surgiu ao longo da história não apenas transformou o formato das mensagens, mas também impactou diretamente os hábitos, comportamentos e expectativas do público.
Os meios de comunicação passaram por profundas transformações. Imagem: Reprodução/ iStock
Hoje consumimos mais do que em qualquer outro momento da última década. E assim como o consumo não é mais o mesmo, a mídia também não.
As marcas que acompanharam esse ritmo de crescimento certamente não se tornaram obsoletas.
Durante décadas, jornais, revistas e livros impressos foram a principal fonte de informação, cultura e entretenimento.
Das bancas lotadas dos mais recentes exemplares às revistas digitais, vimos esse movimento migratório se tornar realidade pouco a pouco.
O impresso era parte do dia a dia, valorizado pela credibilidade e profundidade. Imagem: Reprodução/ iStock
Com a chegada da internet nos anos 2000, a praticidade e a velocidade do digital reduziram o alcance dos impressos, especialmente de jornais e revistas.
Apesar disso, o impresso não desapareceu, apenas mudou de lugar. Hoje, livros físicos seguem valorizados, e publicações impressas de nicho ganham espaço com tiragens limitadas, foco estético e curadoria de conteúdo.
O consumo se tornou mais seletivo e simbólico, representando uma pausa no ritmo digital e uma busca por experiências mais tangíveis e duradouras.
Prova disso foi a volta da revista Capricho impressa, fenômeno no universo teen nos anos 2000.
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Lá atrás a editora precisou se reinventar em um formato 100% online, o que aconteceu com outros veículos.
Mas em 2025 a revista voltou ao formato impresso, em uma tentativa de entregar muito mais que uma revista, mas sim uma “experiência”, tanto do ponto de vista de relação com a comunidade que acompanha o veículo há anos, quanto com quem nasceu em uma cultura totalmente online.
O rádio, no início do século XX, foi o primeiro grande veículo de comunicação em massa. Ele uniu populações inteiras em torno de transmissões ao vivo, fossem notícias, novelas ou músicas.
O consumo era linear, coletivo e passivo: as pessoas ajustavam sua rotina aos horários da programação.
O consumo do rádio também se transformou ao longo das décadas, acompanhando avanços tecnológicos e mudanças no comportamento do público.
O rádio é a união de três tecnologias: a telegrafia, o telefone sem fio e as ondas de transmissão. Imagem: Reprodução/ iStock
Entre os anos 1930 e 1950, o rádio viveu sua Era de Ouro, sendo o principal meio de informação e entretenimento nas casas brasileiras.
Com a chegada da TV entre as décadas de 1960 e 1980, perdeu espaço como mídia de massa, mas se reinventou com a segmentação de conteúdo e a popularização das rádios FM, voltadas especialmente para a música.
Nos anos 1990 e 2000, mesmo com a internet ganhando força, o rádio manteve seu lugar graças à mobilidade e à presença em carros e ambientes de trabalho.
Já a partir dos anos 2010, o crescimento do streaming e dos podcasts mudou o modo de ouvir áudio, levando as rádios a migrarem para o ambiente digital.
Os podcasts caíram no gosto dos consumidores. Imagem: Reprodução/ iStock
Hoje, o consumo de rádio convive com o áudio sob demanda. Enquanto plataformas como Spotify e YouTube crescem, o rádio tradicional ainda resiste, principalmente entre públicos mais velhos e em regiões com menor acesso à internet.
51% dos brasileiros ouvem podcasts pelo menos ocasionalmente, segundo a Statista Consumer. E a maior parte do público possui entre 16 e 64 anos.
A integração com smart speakers e assistentes de voz mostra que o rádio continua se adaptando para seguir relevante no cotidiano.
Com a TV, o consumo de conteúdo tornou-se ainda mais impactante visualmente. Programações fixas continuaram dominando, mas agora com o apelo das imagens.
A TV moldou comportamentos sociais, culturais e até de consumo, com a força dos comerciais e a cultura de celebridades.
O consumo de televisão passou por grandes transformações desde sua popularização nas décadas de 1950 e 1960.
Naquele período, a TV se consolidou como o principal meio de comunicação de massa, centralizando o entretenimento e a informação no ambiente doméstico.
A chegada da TV representou um marco na forma de consumo. Imagem: Reprodução/ iStock
Durante décadas, a programação linear, com horários fixos e canais limitados dominou a rotina das famílias, com novelas, jornais, programas de auditório e grandes transmissões ao vivo.
Mas foi a partir dos anos 1990, com a chegada da TV por assinatura, que o público passou a ter acesso a uma variedade maior de conteúdos e canais segmentados.
Essa mudança ampliou as opções de escolha, mas ainda dentro de uma lógica de grade fixa.
Já nos anos 2000, o avanço da internet e o surgimento de novas telas começaram a mudar a forma como as pessoas consumiam vídeo, abrindo caminho para uma relação mais ativa com o conteúdo.
E em 2010, plataformas de streaming como Netflix, YouTube e Amazon Prime Video consolidaram o modelo sob demanda, permitindo que o espectador escolhesse o que assistir, quando e onde quisesse.
Com isso, a TV deixou de ser apenas um aparelho e passou a ser uma experiência multiplataforma. Imagem: Reprodução/ iStock
Nesse contexto, as TVs Conectadas ganharam destaque ao unir a experiência tradicional da televisão com acesso direto à internet e aos serviços de streaming, reunindo conteúdos ao vivo e sob demanda em um só lugar.
Hoje, o consumo de TV é marcado pela personalização, pelo controle do espectador sobre o tempo e pelo cruzamento entre formatos: muitos ainda assistem a canais abertos e pagos, mas cada vez mais combinam isso com conteúdos sob demanda e interativos.
A experiência se tornou híbrida, e agora mais conectada e digital do que nunca. Imagem: Reprodução/ iStock
A chegada da internet, nos anos 1990, quebrou a lógica de “um para muitos” e inaugurou uma nova era: o conteúdo passou a ser acessado sob demanda.
Plataformas como YouTube, blogs e redes sociais deram voz a qualquer pessoa e transformaram os usuários em produtores.
Nos anos 2000, com a popularização da banda larga e o surgimento das primeiras redes sociais como Orkut e MySpace, o comportamento online começou a mudar.
O consumo passou a ser cada vez mais personalizado e fragmentado. Imagem: Reprodução/ iStock
A navegação se tornou mais interativa e o usuário passou a produzir e compartilhar conteúdo.
Ao mesmo tempo, a chegada dos smartphones e das redes 3G e 4G, entre o fim da década de 2000 e início de 2010, transformou completamente o cenário: estar online virou algo constante, móvel e pessoal.
A partir daí, redes como Facebook, Instagram, Twitter (hoje X), YouTube e, mais recentemente, TikTok e LinkedIn consolidaram-se como centrais na vida digital.
O consumo se intensificou com vídeos curtos, memes, lives, stories e algoritmos que personalizam os feeds de acordo com interesses e comportamentos.
Ao mesmo tempo, surgem preocupações com privacidade, bem-estar digital e excesso de estímulos. Imagem: Reprodução/ iStock
As redes sociais deixaram de ser apenas espaços de conexão entre pessoas e passaram a ser plataformas de entretenimento, notícia, ativismo, consumo e construção de identidade.
Hoje, o uso da internet e das redes sociais é marcado pela velocidade da informação, pela criação em tempo real e pela multiplicidade de vozes.
Ainda assim, é inegável que as redes sociais se tornaram protagonistas na forma como nos comunicamos, consumimos e entendemos o mundo, e seu papel continua em expansão, influenciando hábitos, cultura e negócios em escala global.
Quem diria que o TikTok se tornaria esse fenômeno que arrasta multidões e esse universo onde as marcas são descobertas todos os dias.
Plataformas como TikTok representam uma nova fase: o conteúdo não só é curto e imersivo, como também guiado por algoritmos que conhecem os interesses do usuário melhor do que ele mesmo.
A lógica de “viralizar” mudou: agora, o conteúdo é moldado para atender aos padrões da plataforma, e o consumo é contínuo, rápido e infinito.
Na era do TikTok e dos algoritmos, o consumo de internet e redes sociais se tornou ainda mais acelerado, personalizado e imprevisível. Imagem: Reprodução/ iStock
O TikTok, com seu formato de vídeos curtos, verticais e envolventes, redefiniu padrões de atenção, entretenimento e produção de conteúdo.
Diferente das redes anteriores, onde o foco era seguir pessoas e marcas, o que move o TikTok e, por consequência, o comportamento digital atual é o algoritmo de recomendações, que prioriza o conteúdo mais relevante para o usuário, não importa quem o postou.
Esse modelo influenciou outras plataformas: o Instagram implementou os Reels, YouTube criou os Shorts, e até o Spotify passou a explorar mais fortemente a personalização algorítmica.
O que vemos agora é uma cultura guiada por algoritmos, em que o conteúdo encontra o usuário antes mesmo que ele o procure. Imagem: Reprodução/ iStock
Isso muda não só o consumo, mas também a criação, já que os vídeos são pensados para “performar bem” dentro da lógica algorítmica, com ganchos rápidos, estímulos visuais, sons virais e linguagem informal.
Ao mesmo tempo, o conteúdo se tornou fragmentado, visual e efêmero. O tempo de atenção está cada vez menor, e as redes competem por segundos do nosso foco.
A viralização é imprevisível e muitas vezes mais importante do que a autoridade ou a qualidade do conteúdo.
Nessa lógica, o usuário não escolhe o que vê, mas sim o algoritmo escolhe por ele, com base em interações anteriores, comportamento e até tempo de permanência em cada vídeo.
Essa dinâmica impulsiona tendências com velocidade impressionante, mas também levanta discussões sobre vício, bolhas de informação e superficialidade.
Ainda assim, é o modelo dominante do momento e exige que marcas, criadores e plataformas entendam não apenas o conteúdo, mas também o funcionamento dos sistemas que o distribuem.
A trajetória da mídia (do rádio ao TikTok) nos revela uma mudança constante: de um consumo linear a um modelo híbrido e sob demanda, de massa ao ultra personalizado. Cada evolução redefiniu nosso modo de consumir, criar e interagir e continuará fazendo isso no futuro.
Nesse cenário, não basta estar presente. Marcas e criadores precisam compreender a lógica de cada canal, falar a linguagem de seus públicos e acompanhar as rápidas mutações culturais.
Mais do que produzir conteúdo, é necessário criar conexão, gerar valor e entregar experiências significativas. Imagem: Reprodução/ iStock
A mídia não é mais apenas um meio, ela se tornou o próprio ambiente onde nos informamos, nos entretemos, consumimos e nos relacionamos. E quem entende essa transformação não apenas sobrevive, mas lidera a conversa em um mundo onde a atenção vale mais do que o ouro.
Precisamos ficar atentos às mudanças do mercado, pois como disse Neil Postman em seu livro Technopoly, “uma nova tecnologia não apenas acrescenta algo; ela muda tudo”. Você está preparado para o que o futuro nos reserva?