Tendências de turismo: o que vai guiar o brasileiro?

De astroturismo a viagens conscientes, veja as tendências de turismo que estão moldando o setor em 2025.

Ane Lima

em 25 de julho de 2025

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    Quem não gosta de viajar que atire a primeira pedra. Voar, navegar ou caminhar rumo ao desconhecido, ou ao que já conhecido também, desperta sensações difíceis de serem explicadas.

    Ver o monumento que tanto se esperava, a explosão de sabores, de cultura, de natureza.

    Pão de queijo com a igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.

    O turismo se torna espelho de um novo estilo de vida. Imagem: Reprodução/ iStock

    E se tem uma coisa que o brasileiro gosta de fazer, é viajar. O faturamento do turismo nacional, incluindo todos os segmentos (hospedagem, alimentação, transporte, e outros), bateu um recorde histórico de R$ 207 bilhões, alta de 4,3 % no ano de 2024.

    No 1º trimestre de 2025, o turismo nacional faturou R$ 55,4 bilhões, com março chegando a R$ 18 bilhões em faturamento, uma alta de 6,6 % sobre março de 2024.

    O documento “Revista Tendências do Turismo de 2025” explora diversas tendências que moldarão o futuro das viagens, destacando como a inteligência de dados e o monitoramento constante de tendências são cruciais para o sucesso do setor turístico brasileiro.

    Tendências de turismo entre os brasileiros

    Imersão nos destinos

    A imersão nos destinos é uma tendência que vai além da simples visita a pontos turísticos, focando em vivências culturais autênticas e conexão profunda com as comunidades locais. 

    Viajantes buscam experiências que ofereçam a perspectiva dos habitantes, investindo em atividades culturais. Essa busca é impulsionada principalmente por Millennials e Geração Z, que preferem roteiros que integram entretenimento, esportes, cultura e gastronomia. 

    Turista fotografando indígenas durante visita turística à aldeia.

    As tendências de turismo mostram que a jornada importa tanto quanto o destino. O viajante quer viver, sentir e se conectar de verdade. Imagem: Reprodução/ iStock

    Tecnologias como recomendações personalizadas e passeios autoguiados facilitam essa imersão.

    As operadoras de turismo estão adaptando roteiros, substituindo souvenirs tradicionais por experiências que valorizam sabores locais e transformam mercados em destinos culturais.

    Priorizar a imersão na história e no comércio local torna a viagem única, enquanto programas que conectam turistas a projetos comunitários geram impactos socioeconômicos positivos.

    Destinos alternativos

    A busca por destinos e experiências alternativas é uma tendência impulsionada pelo desejo dos viajantes de escapar de lugares saturados e encontrar vivências mais autênticas e distintas.

    63% dos viajantes declararam estar dispostos a explorar locais menos populares e mais tranquilos, muitas vezes adicionando-os a itinerários tradicionais.

    Mulher loira usa blusa verde e óculos e explora as tendências de turismo.

    Turismo também é cultura, esporte, natureza e até ficção. Imagem: Reprodução/ iStock

    Há uma procura por “joias escondidas” e um aumento na busca por parques e reservas. A inteligência artificial auxilia na elaboração de itinerários alternativos.

    44% dos entrevistados evitam marcar locais em fotos de mídias sociais para proteger seus “destinos descobertos”.

    A Geração Z, em particular, prefere evitar locais superlotados e caros, priorizando a descoberta de algo novo.

    O interesse por viagens longas e remotas também está em alta. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, por exemplo, foi destacado pela USA Today e Travel + Leisure como um destino alternativo.

    São José dos Campos e Caruaru estão entre os destinos menores e mais diversos que mais cresceram em número de reservas na Skyscanner.

    Tecnologia e transformação digital

    A tecnologia e a transformação digital desempenham um papel central nas experiências de viagem, aumentando a autonomia digital e revolucionando o planejamento, a reserva e a vivência das jornadas.

    A inteligência artificial oferece sugestões de itinerários sob medida e passeios autoguiados, personalizando a experiência do viajante e revolucionando o atendimento em aeroportos, hotéis e pontos turísticos.

    Homem feliz com saco de viagem mensagens de texto no celular enquanto caminha na cidade.

    Tecnologia, sustentabilidade e autenticidade marcam o novo cenário do turismo. Não basta visitar, é preciso pertencer. Imagem: Reprodução/ iStock

    Chatbots que entendem linguagem natural fornecem recomendações em tempo real e auxiliam com soluções para atrasos em voos, pré-reservas e monitoramento de voos.

    Tecnologias imersivas como realidade virtual e aumentada permitem interações com destinos antes mesmo da viagem.

    E a conectividade (nuvem, IoT, 5G) personaliza a experiência do cliente e aumenta a eficiência operacional. Todas essas inovações são vistas como soluções para desafios ambientais, ajudando a reduzir desperdícios e otimizar recursos.

    Escolhas de destinos mais conscientes

    As escolhas de destinos mais conscientes refletem a incorporação de valores como mudanças climáticas, ecologia e estilos de vida saudáveis pelos consumidores de viagens.

    Muitos viajantes priorizam opções como voos carbono-neutros, hotéis com certificação verde e iniciativas de conservação local, visando reduzir os impactos ambiental e social de suas jornadas.

    Agências online e companhias aéreas exibem emissões de carbono, e hotéis adotam práticas sustentáveis como a redução da troca diária de roupas de cama. Há uma busca por turismo regenerativo, que busca revitalizar os destinos e deixar um legado positivo.

    Mulher adulta meados de meados de do turista que anda com bagagem e que chega na pousada.

    O brasileiro está viajando mais, e de forma diferente. As tendências apontam para escolhas conscientes e experiências que transformam. Imagem: Reprodução/ iStock

    Isso se manifesta na preferência por meios de transporte de menor impacto (trens, bicicletas), destinos alternativos, turismo voluntário e viagens em sintonia com as estações. 

    O Cerrado, por exemplo, foi considerado pela National Geographic como um dos 25 melhores lugares do mundo para viajar em 2025, devido às oportunidades de apoiar a conservação do bioma.

    Contudo, o estudo também ressalta a discrepância entre a intenção e a ação efetiva, pois o preço e a conveniência ainda são fatores preponderantes para a maioria dos consumidores.

    Expansão do turismo esportivo

    A expansão do turismo esportivo é uma tendência expressiva em 2025, impulsionada pela integração entre a paixão pelo esporte e a experiência de viajar.

    Os viajantes desejam vivenciar eventos esportivos ao vivo e participar de experiências que vão além do acompanhamento tradicional.

    Séries de bastidores esportivos atraem novos públicos (especialmente mulheres e jovens), ampliando o interesse e motivando viagens. A popularização dos esportes eletrônicos também impulsiona viagens para convenções e locais de jogos.

    Ciclistas adultos de meia idade relaxam em uma parte superior de uma montanha com vista cénica do vale.

    A integração entre esporte, entretenimento e turismo fortalece novos fluxos de viagem e amplia o impacto cultural dos eventos esportivos. Imagem: Reprodução/ iStock

    Cerca de 40% dos viajantes entre 25 e 34 anos declararam planejar-se deslocar-se para assistir a competições esportivas.

    O turismo esportivo é um dos segmentos que mais crescem, liderado por Millennials e Geração Z.

    Grandes eventos como a Copa do Mundo e maratonas impulsionam a economia local, aumentando o tempo de permanência e o consumo nas cidades-sede.

    Astroturismo

    O astroturismo é uma tendência crescente, à medida que mais turistas buscam experiências que fogem da agitação urbana e se conectam com a vastidão do espaço.

    A observação do céu noturno é uma das principais atividades, com viajantes explorando destinos com melhor visibilidade, longe da poluição luminosa dos grandes centros urbanos. 

    Uma van campista ao anoitecer perto do corpo de água.

    A contemplação do céu noturno é promovida como uma forma de relaxamento e reconexão com a natureza. Imagem: Reprodução/ iStock

    Os turistas também buscam vivenciar fenômenos naturais como chuvas de meteoros, eclipses e conjunções planetárias, tornando a experiência única. Representa uma busca por beleza, tranquilidade e um despertar para a grandiosidade do universo.

    O Parque Estadual do Desengano, no Rio de Janeiro, foi destacado pelo Time Out como um dos destinos de observação de estrelas em alta para turistas do Reino Unido em 2025.

    Bem-estar e slow travel

    Estes dois conceitos, embora distintos, estão interligados na busca por uma experiência de viagem mais consciente e rejuvenescedora.

    O bem-estar nas viagens: É uma tendência central em 2025 que vai além do lazer, incluindo a recuperação física e mental com uma abordagem holística para a longevidade e saúde integral.

    Resorts investem em retiros com propósito, comunidade e movimento natural, inspirados nas “zonas azuis”, e “retiros de longevidade” que incorporam tecnologias como terapia de luz vermelha e crioterapia.

    Valoriza-se o descanso e a desconexão, refletidos em práticas como hurkle-durkling (aproveitar o lazer na cama) e sleep tourism (férias focadas em repouso). Há também o turismo “sóbrio” (sem álcool) e retiros psicodélicos, além de retiros exclusivos para homens e viagens para mães.

    Mulher relaxando em um cama com lençóis brancos.

    O turismo deixa de ser apenas lazer e se transforma em bem-estar, identidade e propósito. Imagem: Reprodução/ iStock

    O bem-estar abrange desde longevidade e saúde holística até inovações que combinam tecnologia e práticas ancestrais.

    Fernando de Noronha foi citada em 2024 pela Lonely Planet como o melhor lugar para uma fuga relaxante na América do Sul, e João Pessoa é considerada pela Booking um destino ideal para viajantes em busca de relaxamento e retiros de bem-estar.

    Já o slow travel desponta como uma alternativa ao ritmo acelerado da vida moderna e aos impactos do overtourism (turismo excessivo), privilegiando a vivência autêntica e a imersão nos destinos.

    Ela incentiva os viajantes a “viver como um local”, optando por períodos de baixa temporada e trajetos menos convencionais para reduzir a sobrecarga turística e apoiar a economia local.

    Jovem mulher está em uma canoa no meio de um rio.

    O slow travel propõe uma resposta ao turismo excessivo: jornadas mais longas, conscientes e integradas à realidade local. Imagem: Reprodução/ iStock

    Manifesta-se na preferência por viagens mais longas (média de 16 dias), permitindo conexões genuínas com a comunidade e o ambiente local.

    Esse estilo valoriza a exploração de bairros e cidades secundárias em vez de pontos turísticos superlotados.

    Além de incluir a prática de “detour travel” (desviar do percurso tradicional) e o JOMO (Joy of Missing Out), focando no bem-estar proporcionado pelo tempo e pela experiência, contribuindo para um turismo mais consciente.

    Destinos inspirados pela mídia

    O fenômeno do “set-jetting“, ou turismo inspirado por filmes, séries e outras produções midiáticas, está em franco crescimento.

    Dois terços dos entrevistados pela Expedia afirmam que o entretenimento nas telas influencia suas escolhas de viagem.

    Cabana rústica de madeira com flores na portal e construída no formato oval.

    Cenário de “O Senhor dos Anéis”, na Nova Zelândia, atrai hóspedes que buscam se hospedar onde a série foi gravada. Imagem: Reprodução/ Catraca Livre

    Turistas são motivados a visitar locais que apareceram em suas produções favoritas, transcendendo a simples visita a pontos turísticos icônicos para oferecer experiências imersivas que permitem aos fãs mergulhar no universo de seus personagens.

    Essa conexão entre mídia e turismo não só enriquece a experiência dos viajantes, mas também impulsiona a economia local (com filmes populares elevando o fluxo turístico em média 31%).

    A tendência abrange desde grandes metrópoles até vilarejos remotos que ganharam notoriedade após suas aparições.

    Alguns exemplos brasileiros são a cidade de Cabaceiras, na Paraíba, conhecida como “Roliúde Nordestina”, despontou no turismo após ser cenário do filme “O Auto da Compadecida”.

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